Utilização de Referências Naturais

Quando se segue um percurso podemos orientarmo-nos debaixo de água com um grau de precisão bastante razoável se forem utilizados pontos de referência subaquáticos.
Uma vez que já se conhecem os vários tipos de fundo e que tomamos conhecimento sobre as suas características, torna-se mais fácil identificar as referências naturais e termos mais sucesso para nos orientarmos em percursos subaquáticos.
Antes de imergir, os mergulhadores devem estudar a zona de mergulho a partir de um ponto bem localizado. O objetivo deste estudo é o planeamento e a familiarização da zona ao localizar vários pontos do relevo exterior que poderão servir de pontos de referência durante o mergulho.
As paredes de uma enseada, os recifes ao largo, corais, boias flutuantes, afloramentos rochosos à superfície onde as ondas vêm quebrar, são algumas das numerosas ajudas à orientação que permitem a um mergulhador determinar onde se encontra debaixo de água.
Se existirem correntes, é muito importante verificar a sua direção e estimar a sua velocidade. Em resumo, estude o local de mergulho suficientemente bem para o poder recriar debaixo de água.
A quantidade de referências que se pode utilizar debaixo de água aumenta com o aumento dos nossos conhecimentos do meio subaquático.
Alguns exemplos do tipo de referências que poderão ser utilizadas durante o mergulho:
- Referências de Orientação/Direção
- Linhas de Referência
- Pontos de Referência
1. REFERÊNCIAS DE ORIENTAÇÃO/DIREÇÃO
A luz e as sombras são referências úteis. Verifique a posição do sol ou da lua e a direção seguida pelos raios luminosos filtrados na água.
Navegação Original (Correta)
Navegação Desviada (Incorreto)

As rugas (ripple marks) provocadas na areia pela ondulação orientam-se paralelamente à costa com a inclinação mais suave virada para o mar, e constituem um ponto de referência fiável.
O movimento da água é mais forte perto da costa que ao largo, sendo possível, com um pouco de prática, determinar qual a direção da costa sem mais nada que não seja observando a ondulação. Se a sua intensidade diminui, a água é mais profunda. A ondulação pode ajudar a determinar a proximidade dos recifes, de rochas e outras zonas pouco profundas.
O movimento da água, quer seja ondas, marés ou vagas, podem ajudá-lo desde que saiba a sua direção inicial. As algas e partículas soltas irão inclinar-se ou arrastar-se na direção da corrente de maré. Se a direção desta for conhecida, pode fornecer ao mergulhador uma pequena indicação da direção do mergulho, mas é necessário verificar se a corrente marinha não muda durante o mergulho. Comece, de preferência, o mergulho contra a corrente.
Procure familiarizar-se com a flora e fauna que podem fornecer pontos de referência. Por exemplo, as gorgónias desenvolvem-se sempre formando angulo reto com a corrente dominante. Algumas algas apenas se encontram a algumas profundidades. Ao se familiarizar com o ambiente, encontrará cada vez mais pontos de referência graças á flora e fauna.
2. LINHAS DE REFERÊNCIA
As linhas batimétricas são ótimos pontos de referência. Qual é o perfil do terreno? Tem um declive suave ou abrupto ou é plano? Verifique a profundidade. Em muitos locais pode-se seguir o perfil da linha de costa seguindo uma profundidade constante.
A profundidade pode também permitir saber se estamos a avançar ou se nos estamos a afastar das margens, dado que a profundidade tem tendência a aumentar quando nos afastamos da costa.
A fronteira areia/rocha é também uma linha de referência que pode ser seguida durante um mergulho. Esta linha poderá não ser paralela à costa, no entanto serve-nos perfeitamente para nos orientarmos durante um percurso subaquático.
As formações rochosas submersas são geralmente a continuação da linha da costa, daí a razão para fixar os recifes que afloram à superfície. Se eles forem estratificados, é possível que os que estão situados debaixo de água também o sejam, e que os rochedos sejam normalmente paralelos á costa.
O relevo do fundo como canais e vales pronunciados, são também linhas de referência que o mergulhador poderá utilizar na sua progressão.
As linhas de referência artificiais, estruturas que podem ser usadas para determinar a direção, emissores, etc., são outras fontes que o mergulhador deve aproveitar para saber para onde se dirige.
3. PONTOS DE REFERÊNCIA
As formações rochosas isoladas podem ser tomadas como pontos de referência.
As grutas e cavernas existentes nas rochas, restos de naufrágios, redes, amarrações permanentes, pilares, etc. são outros tantos pontos de referência úteis para os mergulhadores.
Por vezes o ruído do compressor no barco de mergulho ou o das ondas a embater nas rochas podem constituir pontos de referência. Em algumas situações é possível aproximarmo-nos de um barco seguindo apenas a intensidade do ruído produzido pelo compressor, enquanto que o barulho das ondas a bater nas rochas significa que nos estamos a aproximar da costa ou de um afloramento rochoso previamente referenciado à superfície.
O cruzamento de linhas batimétricas com formações rochosas ou estratificadas podem resultar num ótimo ponto de referência ao longo do percurso subaquático.
É importante ao iniciar um determinado percurso que o mergulhador saiba qual a sua posição relativamente a terra ou a qualquer ponto de referência bem determinado. Isto parece simples e evidente mas se um mergulhador se vira muitas vezes durante a descida num meio que não lhe é familiar, arrisca-se, uma vez chegado ao fundo, a não saber qual a direção que deverá seguir.
Uma vez realizado o estudo do ambiente subaquático e o planeamento do percurso subaquático, pode então iniciar o percurso de mergulho com seu companheiro, seguindo a trajetória inicialmente prevista.
É importante olhar sempre o mais para a frente possível durante a progressão, escolher um objeto imóvel e nadar na sua direção. Repetindo esta operação uma vez e outra, conseguirá realizar uma melhor orientação do percurso a seguir sem ser tão afetado pelas correntes, existindo sempre um ponto de referência no caso de ter que efetuar uma paragem ou ter desviado a atenção.
ESTAR ATENTO É A CHAVE PARA UTILIZAR AS REFERÊNCIAS DISPONÍVEIS DEBAIXO DE ÁGUA
Quanto mais atentos estivermos debaixo de água, melhor nos saberemos orientar. Preste atenção aos pontos particulares do relevo que podem ser facilmente identificados mais tarde, quer durante o mergulho quer durante um mergulho posterior.
Poderá ainda desenhar um mapa grosseiro da zona de mergulho numa placa de escrever. Estas informações podem ser transcritas para o caderno de mergulho como referência futura.
Desenvolva as suas próprias técnicas como aquela que consiste em empilhar pedras no ponto de partida do mergulho (referência artificial). Assim será mais fácil no final do mergulho encontrar o ponto de regresso.