Lesson 1, Topic 1
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Tabelas de Mergulho

No Módulo 13 – Tabelas e Computadores, do curso CMAS One Star Diver, procurou dar-se uma explicação essencialmente prática do que são e para que servem as tabelas de mergulho e quais os parâmetros em que se baseiam os seus cálculos.

Pretende-se neste curso desenvolver um pouco mais este assunto, pois um mergulhador CMAS Two Star Diver (mergulhador autónomo) deve ter uma noção mais aprofundada dos fenómenos da compressão e descompressão a que está sujeito e de como estes fenómenos se relacionam com o cálculo das tabelas de descompressão que utiliza.

Relembramos, no entanto, que o mergulhador CMAS Two Star Diver deve evitar fazer mergulhos que exijam paragens de descompressão, de modo a conferir ao mergulho a maior simplicidade possível, evitando assim preocupações desnecessárias, para que possa usufruir de todo o seu poder relaxante.

OS MOVIMENTOS GASOSOS


Dos enunciados conjuntos das leis de Henry e de Dalton e da noção de saturação (ver Módulo 2 – Física Aplicada ao Mergulho), ficou bem claro que, quando aumenta a pressão sobre uma mistura gasosa em contacto com um líquido, os gases da mistura começam a dissolver-se no líquido, atingindo cada um deles um valor de pressão parcial máximo ao ser encontrado um novo estado de saturação do líquido. Fenómeno idêntico se observa quando se volta a reduzir a pressão para o seu valor inicial.

Também se falou no coeficiente de solubilidade de um gás num líquido, do qual depende da quantidade de gás que o líquido pode dissolver, perante uma determinada variação de pressão. Podemos dizer que o coeficiente de solubilidade determina “a maior ou menor facilidade que um determinado gás tem para se dissolver num determinado líquido”.

Finalmente, as noções de tensão e de inércia gasosa permitem afirmar que o novo estado de saturação não é atingido imediatamente após a alteração da pressão. Estudos relacionados com este fenómeno permitiram concluir que esta dissolução efetua-se segundo uma expressão matemática “exponencial negativa”. Isto é, após o aumento da pressão, quanto mais nos aproximamos do novo estado de saturação, mais lenta se torna a dissolução do gás no seio do líquido. O inverso também é verdadeiro: após a diminuição da pressão, quanto mais nos aproximamos do novo estado de saturação, mais lenta se torna a libertação do gás do seio do líquido.

Isto explica-se facilmente se idealizarmos a existência de espaços vazios dentro do meio líquido, que vão sendo progressivamente ocupados pelo gás quando este se começa a dissolver. De início, o gás penetra facilmente no líquido, pois tem muitos espaços onde se alojar. À medida em que o gás vai ocupando os espaços vagos, menos ficam disponíveis e, consequentemente, mais dificuldade o gás em se alojar (dissolver-se).

Portanto, quanto mais perto estivermos do novo estado de saturação, maior será a dificuldade do gás em dissolver-se. Isto é, no mesmo espaço de tempo, a quantidade de gás dissolvido é muito menor, o que explica o desenvolvimento da curva de dissolução.

Isto pode ser resumido no seguinte princípio físico, que tanto se aplica à dissolução, como à libertação do gás:

NO MOVIMENTO DOS GASES ATRAVÉS DE UMA SUPERFÍCIE DE SEPARAÇÃO (SUPERFÍCIE DE UM LÍQUIDO), QUANTO MENOR FOR O DIFERENCIAL DE PRESSÕES (PRESSÃO EXTERIOR E TENSÃO DO GÁS DISSOLVIDO), MAIS LENTAMENTE SE FAZ A TROCA GASOSA

NOÇÃO DE TECIDO


À relação inequívoca entre um determinado gás e líquido, foi dada a designação de “tecido”, definido em função do seu período “h” em minutos. O período é “o tempo que o líquido demora atingir a semissaturação/dessaturação (50%) relativamente ao seu novo estado de saturação”.

Assim, um tecido de período h = 10 será um conjunto gás/líquido em que este, para um determinado valor de pressão, atinge metade do valor da saturação/dessaturação ao fim de t1 = 10min. Da mesma forma, um tecido de período h = 60 será um conjunto gás/líquido em que este, para um determinado valor de pressão, atinge metade do valor de saturação/dessaturação ao fim de t1 = 60min.

COMO FOI ATRÁS REFERIDO, PODEMOS COMPREENDER A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DO COMPORTAMENTO DOS GASES RESPIRADOS DURANTE O MERGULHO (NOMEADAMENTE O AZOTO) E NO REGRESSO À SUPERFÍCIE, POIS A MISTURA GASOSA RESPIRADA ESTÁ CONSTANTEMENTE A SOFRER ALTERAÇÕES DE PRESSÃO DURANTE A DESCIDA E A SUBIDA

Assim, nasceu a necessidade da criação das tabelas de descompressão, para “regulamentar” esta movimentação gasosa no interior do corpo humano quando mergulhado (ver Módulo 12 – Acidente de Descompressão, tópico “Composição do Ar e Ação do Azoto”, e Módulo 13 – Tabelas e Computadores, do curso CMAS One Star Diver).