Situações Extraordinárias
Considerados todos os parâmetros atrás referidos, todos eles baseados em modelos matemáticos mais ou menos trabalhosos, vamos agora sumariar algumas situações que se podem classificar de situações extraordinárias e que, ao acontecerem, podem alterar substancialmente os vários fatores de segurança existentes e originar o acidente de descompressão.
Começamos por indicar resumidamente o efeito e as consequências destas situações extraordinárias, para mais tarde, noutro capítulo, falarmos detalhadamente sobre elas. O seu conhecimento tornará mais claro o problema da descompressão, ainda que não fique totalmente esclarecido.
SHUNT PULMONAR/VASCULAR
Provoca uma alteração na difusão dos gases expirados ao nível alveolar, devido à existência de micro-bolhas (bolhas assintomáticas).
CONSEQUÊNCIAS
Atraso e maior lentidão na dessaturação, o que corresponde a uma pressão de N2 mais elevada do que em condições normais.
TRABALHO INTENSO
Produz uma elevada razão de perfusão ao nível dos músculos.
CONSEQUÊNCIAS
Pressão de N2 mais elevada do que em condições normais.
FRIO INTENSO
Provoca a vasoconstrição dos vasos capilares (sobretudo na pele).
CONSEQUÊNCIAS
Dessaturação mais lenta no final do mergulho.
SUBIDA LENTA (velocidade de subida < 10m / min)
Durante uma subida demasiado lenta os tecidos médios e lentos continuarão a dissolver gases inertes.
CONSEQUÊNCIAS
A pressão de N2 é mais elevada do que em condições normais.
DESCOMPRESSÃO OMITIDA
A pressão crítica (pressão limite) nos tecidos médios e lentos pode ser ultrapassada dando origem ao aparecimento de bolhas de N2.
CONSEQUÊNCIAS
Podem ocorrer sintomas de DCS I (doença de descompressão do tipo I) dependendo dos tecidos afetados.
NOTA: DCS – decompression sikness
SUBIDA DE EMERGÊNCIA (velocidade de subida > 10m / min)
Neste caso, a pressão crítica (pressão limite) nos tecidos rápidos e médios pode ser ultrapassada dando origem ao aparecimento de bolhas de N2.
CONSEQUÊNCIAS
Podem ocorrer sintomas de DCS II (doença de descompressão do tipo II) dependendo dos tecidos afetados e/ou AGE (aeroembolismo).
NOTA: AGE – aero gas embolie
NÚMERO EXAGERADO DE MERGULHOS SUCESSIVOS
Sem tempo para descomprimir completamente entre os mergulhos, os tecidos lentos ficam quase saturados.
CONSEQUÊNCIAS
Podem ocorrer sintomas de DCS I (doença de descompressão do tipo I), dependendo dos tecidos afetados (a maioria das vezes a pele).
VOO NO FINAL DE FÉRIAS
Existe uma descompressão adicional devido à baixa pressão no interior da cabina do avião.
CONSEQUÊNCIAS
Podem ocorrer sintomas de DCS I (doença de descompressão do tipo I) dependendo dos tecidos afetados (a maioria das vezes os tecidos lentos).
PROBLEMAS MÉDICO / FISIOLÓGICOS (medicamentos, gordura, idade, etc.)
Provocam alteração dos fenómenos de difusão/perfusão.
CONSEQUÊNCIAS
Os processos de saturação/dessaturação podem ser alterados originando uma dissolução mais rápida ou uma libertação mais lenta de N2.