Sinais e Sintomas
Uma vez que a doença de descompressão pode interferir com a função de um grande número de tecidos do organismo, a quantidade de potenciais sinais e sintomas é vasta.
No passado estes sintomas foram agrupados de acordo com a localização anatómica e presumível mecanismo da doença: tipo I (leve) e tipo II (grave). Estes termos ainda hoje são usados, mas é largamente reconhecido o seu pequeno valor, não só porque sintomas dos dois grupos podem coexistir, mas também porque um acidente do tipo I pode evoluir para um acidente do tipo II.
Assim, a sintomatologia deste acidente é apresentada segundo a evolução clínica e respectivas manifestações. A evolução pode ser progressiva, estática, melhorar espontaneamente ou reaparecer.
As manifestações da doença de descompressão podem ocorrer isoladas ou combinadas.
ALTERAÇÕES GERAIS
- Cefaleias
- Fadiga exagerada
- Náuseas e vómitos
- Mal estar geral
ALTERAÇÕES CUTÂNEAS
- Vermelhidão
- Inchaços
A vermelhidão dispersa pelo corpo, mais frequente nos ombros e no tronco, não deve ser relacionada com reações alérgicas a algum ser marinho, animal ou vegetal.
SINTOMA DOLOROSO
A dor nas articulações (bend) é provavelmente a manifestação mais frequente da doença de descompressão. Pode iniciar-se ainda durante a subida ou depois de terminada a imersão, afetando sobretudo as articulações mais utilizadas durante o mergulho. Consiste numa dor de instalação gradual, difícil de localizar, que muitas vezes desaparece espontaneamente, sendo com frequência ignorada pelo mergulhador.
Se a dor aumenta, a sua localização é mais precisa e é descrita como um peso ou uma dor aguda e perfurante, semelhante a uma dor de dentes.
Por vezes o mergulhador encontra uma posição em que a articulação fica menos dolorosa. Se estiver localizada numa articulação dos membros inferiores, o peso corporal pode não ser tolerado por essa articulação. Os sinais inflamatórios clássicos, como pele vermelha, quente e inchada, estão normalmente ausentes.
ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS
O envolvimento do sistema nervoso pode ser subtil ou multifocal, originando uma grande variedade de manifestações, que vão desde alterações do humor e da personalidade, até à dificuldade em falar, passando pela perda de memória, descoordenação de movimentos e formigueiros nos membros superiores. Alterações dos órgãos dos sentidos, como visão enevoada ou em túnel, zumbidos, surdez súbita e vertigens também são possíveis. Nos casos mais graves podem ocorrer convulsões, perda de consciência e morte.
Se a espinal medula estiver envolvida podem surgir formigueiros nas pernas e perda de sensibilidade até á incapacidade completa de as sentir (paraparesia) e de as mover (paraplegia). Pode também ocorrer a impossibilidade de urinar e defecar.
A doença de descompressão pode manifestar-se imediatamente após o mergulho, ou mesmo ainda dentro de água, se a causa for a omissão de paragens de descompressão ou uma subida excessivamente rápida.
Deve ter-se especial atenção às manifestações de fadiga exagerada, quando não tenham sido despendidos esforços durante o mergulho, pois pode ser prenúncio de um acidente neurológico.
Cerca de 90% dos acidentes manifestam-se nas primeiras seis horas e mais de 50% na primeira hora. Os restantes 10% manifestam-se após as seis horas. Se um mergulhador está assintomático mais de 48 horas após a saída da água, qualquer sintoma que surja depois deste período, muito provavelmente não se relaciona com a doença de descompressão.
PRIMEIROS SOCORROS
O primeiro socorro consiste, no caso de mergulhadores conscientes, em administrar muitos fluídos por via oral (água), oxigénio a 100% com um débito mínimo de 15litro/min, mantê-lo confortável, seguindo-se a sua evacuação em posição deitada, para uma Unidade Hiperbárica.
Os mergulhadores inconscientes devem ser abordados segundo os procedimentos recomendados no Suporte Básico de Vida e transportados em posição lateral de segurança a respirar oxigénio a 100%.
O tratamento definitivo consiste em recompressão imediata em Câmara Hiperbárica seguida de descompressão gradual segundo tabelas próprias.
Todo o mergulhador que se suponha ser vítima de um acidente de descompressão deve ser conduzido para uma unidade hiperbárica.
Todos os elementos do grupo de mergulho, especialmente o companheiro do acidentado, devem ser mantidos sob vigilância médica.