Lesson 1, Topic 1
In Progress

Os Efeitos do Azoto no Mergulho

A NARCOSE DO AZOTO


Verifica-se que este gás respirado a pressões parciais elevadas tem um efeito tóxico sobre o sistema nervoso central. Esta intoxicação é conhecida por narcose do azoto ou como vulgarmente é designada por bebedeira das profundidades.

A severidade deste efeito depende da profundidade do mergulho, da velocidade de compressão (descida) e da experiência do mergulhador. Os efeitos são directamente proporcionais ao aumento da profundidade, mas não aumentam com a permanência à mesma profundidade.

Apesar de existir uma susceptibilidade variável entre diferentes indivíduos considera-se que todos os mergulhadores estão expostos a essa intoxicação a partir dos 30 metros, embora existam casos descritos a profundidades inferiores.

Constata-se que um mergulhador adquire alguma habituação aos efeitos narcóticos do azoto quando exposto repetidamente a mergulhos profundos.

O efeito narcótico em si não é perigoso e reverte rapidamente ao regressar à superfície. O perigo é o facto de um mergulhador com a narcose poder ter um comportamento inadequado que provoque o acidente.

Esta intoxicação caracteriza-se pela diminuição do desempenho intelectual e de destreza manual e ainda por alterações do comportamento.

As funções superiores, raciocínio, memória recente, aprendizagem e concentração são as primeiras a ser afetadas. O mergulhador pode sentir uma falsa sensação de bem-estar e excesso de confiança ou pelo contrário, focalizar-se em determinados pormenores (manómetro, profundímetro, …) e entrar num estado de grande ansiedade.

Algumas drogas sobretudo o álcool e os sedativos têm um efeito aditivo na narcose pelo que não se deve mergulhar sob o seu efeito.

Outros efeitos aditivos são a ansiedade, o frio e a fadiga.

A exposição a valores anómalos de dióxido de carbono também potencia uma maior suscetibilidade à intoxicação pelo azoto.

PREVENÇÃO DO ACIDENTE

A prevenção do acidente consiste em:

  1. Estar sempre atento às suas reações e às do companheiro de mergulho
  2. Limitar a profundidade do mergulho em função da experiência do mergulhador
  3. Manter o equilíbrio térmico normal
  4. Evitar esforços debaixo de água
  5. Manter o controlo da respiração – Nunca se deixar controlar pela respiração
  6. Não mergulhar se estiver cansado, com problemas de saúde ou outros
  7. Fazer preceder os mergulhos profundos de um período de repouso
  8. Descer lentamente

Os procedimentos perante este acidente consistem em diminuir a profundidade do mergulho e em casos mais sérios deverá o mergulhador abortar o mergulho e regressar à superfície.

A DOENÇA DE DESCOMPRESSÃO


Como foi referido no capítulo um deste módulo, toda a quantidade de azoto que se dissolve no nosso corpo enquanto estamos mergulhados será libertada quando regressarmos à superfície. Devido à consequente diminuição de pressão, esta libertação é feita através das trocas respiratórias ao nível alveolar.

Isto não quer dizer que ao chegarmos à superfície tenhamos eliminado todo o azoto que dissolvemos durante o mergulho.

Na realidade ao atingirmos a superfície ainda existe uma certa quantidade de azoto que irá libertar- se após terminado o mergulho.

Sabemos, no entanto, que o nosso organismo pode suportar uma pressão parcial de azoto superior à que normalmente tem dissolvido com limites bem definidos, se respeitarmos os seguintes parâmetros: profundidade do mergulho, tempo de fundo e velocidade de subida.

O não cumprimento destes parâmetros pode originar graves problemas ao mergulhador dada a libertação indevida de bolhas de azoto nos tecidos e vasos sanguíneos.

Estas bolhas provocam uma alteração fisiológica de maior ou menor gravidade, chamada “doença ou acidente de descompressão”.

Uma vez que a doença de descompressão pode interferir com a função de um grande número de tecidos do organismo, o número de potenciais sinais e sintomas é vasto, podendo a sua evolução ser progressiva, estática, melhorar espontaneamente ou recidivar.

As manifestações da doença de descompressão podem ocorrer isoladas ou combinadas. Citamos entre outras:

  1. Alterações gerais: cefaleias, fadiga exagerada, náuseas e vómitos, mal-estar geral
  2. Alterações cutâneas: vermelhidão, inchaços
  3. Sintomas dolorosos: nas articulações dos membros
  4. Alterações neurológicas de maior ou menor gravidade

Há um elevado número de fatores que predispõem à doença de descompressão, tais como o cansaço, a desidratação, o frio, os esforços físicos violentos durante e após o mergulho, a idade, a obesidade, o consumo de álcool, as drogas, a má forma física, o perfil do mergulho.

A seguir a um mergulho, teremos de ter em atenção, que a diminuição de pressão que acontece quando viajamos de avião ou subimos uma montanha, pode provocar um acidente de descompressão.

PREVENÇÃO APÓS MERGULHO

A principal prevenção no sentido de evitar a ocorrência deste acidente é a imposição de limites de profundidade/tempo de mergulho/velocidade de subida, que são traduzidos sob a forma de Tabelas.

No entanto, face aos fatores adjuvantes atrás referidos, podemos citar outros tipos de prevenção tais como:

  1. Manter o equilíbrio térmico normal
  2. Evitar esforços debaixo de água
  3. Não mergulhar se estiver cansado, com problemas de saúde ou outros
  4. Beber muitos líquidos (água de preferência) antes do mergulho
  5. Não ingerir bebidas alcoólicas
  6. Respeitar as tabelas de mergulho relativamente aos procedimentos após o mergulho

REDUÇÃO DOS EFEITOS DO AZOTO NO MERGULHO


Pelo que atrás foi exposto não é difícil compreender que a prevenção destes tipos de acidente poderá também passar pela redução da pressão parcial (Pp) do azoto respirado a uma determinada profundidade, pelo que uma das maneiras mais fáceis de conseguir esta redução é sem dúvida a diminuição da percentagem deste gás na mistura respirada.

Face às considerações feitas, facilmente compreenderemos que o enriquecimento em oxigénio duma mistura respirável (EANx) virá ao encontro da solução pretendida.

Os benefícios daí advindos são imediatos sobretudo se, enquanto utilizamos as misturas enriquecidas, planearmos e executarmos o mergulho em termos de respirar ar atmosférico.