Lesson 1, Topic 1
In Progress

O Primeiro Escafandro Autónomo

Nos princípios da segunda metade do século XIX, por volta de 1865, surgiu o primeiro escafandro autónomo de que há notícia, criado pelos franceses Benoit Rouquayrol e Auguste Denayrouze.

Na época já existiam reservatórios capazes de aguentarem pressões da ordem dos 30bar, o que permitia levar para debaixo de água uma quantidade apreciável de ar. O problema resumia-se a encontrar um aparelho que realizasse duas funções: a redução e a regulação da pressão do reservatório. A primeira destinava-se a baixar essa pressão para uma pressão próxima da do ambiente. A segunda destinava-se a fornecer ao mergulhador o ar contido no reservatório à pressão exata a que ele se encontras- se, entrando em linha de conta com as suas deslocações na vertical, por muito pequenas que fossem.

O aparelho de Rouquayrol e Denayrouze, designado por “caçarola” pelos seus inventores devido à sua forma, tinha um funcionamento extremamente simples. A tampa da “caçarola” era uma membrana elástica que se encontrava em contacto com a água e a impedia de entrar no aparelho. No fundo da “caçarola” existia uma válvula ligada ao reservatório do ar, que se encontrava por baixo. Esta válvula estava presa à membrana por uma haste, de forma que as deformações da membrana se transmitiam à válvula. Na posição de descanso, com a pressão do ar dentro da “caçarola” igual à pressão exterior, a válvula encontrava-se fechada.

Com o aumento da profundidade, à medida que a pressão exterior aumentava sobre a membrana, esta encurvava-se para dentro, empurrando a haste e fazendo abrir a válvula. O ar saía então do reservatório para a “caçarola” até voltar a equilibrar a pressão exterior. A membrana regressava à sua posição inicial e voltava a fechar a válvula. Estavam assim cumpridas as funções de redução e de regulação.

Quando o mergulhador inspirava através da traqueia ligada à “caçarola”, o mecanismo funcionava da mesma forma. Ao provocar uma depressão no interior, a membrana encurvava-se abrindo a válvula e o mergulhador recebia o ar à pressão ambiente. Segundo dados históricos da marinha francesa, este regulador permitia atingir a profundidade de 50 metros. No entanto o mergulhador não tinha grande autonomia e acabou por cair em desuso a favor do escafandro “pé de chumbo”. O escafandro de Rouquayrol e Denayrouze serviu de modelo a Júlio Verne para equipar os homens do capitão Nemo, no livro “Vinte Mil Léguas Submarinas”.