Lesson 1, Topic 1
In Progress

O Oxigénio nas Emergências do Mergulho

A prioridade principal do Socorrista-Administrador de Oxigénio é evitar a morte do acidentado socorrendo-o até á chegada das equipes de Suporte Avançado de Vida. É importante não causar nenhum efeito prejudicial devendo para isso conhecer os limites da sua formação e experiência na prestação de primeiros socorros.

Quando se suspeita de um pré-afogamento ou de um acidente causado pela variação da pressão ou de uma intoxicação pelo monóxido de carbono, deve administrar-se oxigénio preferencialmente a 100%. Obviamente que esta atitude foi precedida de uma avaliação inicial das funções vitais consoante as recomendações do algoritmo do Suporte Básico de Vida (SBV).

Os mergulhadores conscientes que apresentem dificuldade respiratória ou sinais/sintomas sugestivos de um destes acidentes independentemente de apresentarem dificuldade respiratória devem receber oxigénio.

Os mergulhadores inconscientes e em respiração expontânea devem também receber oxigénio.

Os mergulhadores inconscientes e em paragem respiratória/cardíaca devem ser abordados segundo o algoritmo do SBV.

EM QUE É QUE O OXIGÉNIO AJUDA UM MERGULHADOR ACIDENTADO?


Quando respiramos ar inalamos mais azoto do que oxigénio. Quando o mergulhador acidentado respira oxigénio a 100% na mistura respiratória não existe azoto. Consequentemente esta maior quantidade de oxigénio inspirado gera um gradiente de pressão, desde da bolha até aos tecidos que a rodeiam, aumentando a eliminação do azoto da bolha por um mecanismo de absorção.

Ao mesmo tempo que o azoto é eliminado do sangue e dos tecidos, maior é a quantidade de azoto que é reabsorvida desde a bolha até aos tecidos circundantes, e desde estes até ao sangue.
O ritmo da desnitrogenização depende da diferença de pressões parciais entre a bolha e os tecidos em seu redor. Quanto mais alto é o gradiente de pressão, ou quanto mais alta é a concentração do oxigénio inalado, mais rapidamente o azoto abandona o organismo. O resultado final é a redução do tamanho da bolha.

Os dois acidentes de variação de pressão mais graves, atrás comentados:

  • Síndrome de Sobrepressão Pulmonar,
  • Acidente de Descompressão,

necessitam de primeiros socorros com oxigénio o mais precocemente possível.

Estas duas situações não comprometem necessariamente o transporte geral de oxigénio, exceto na zona localizada em que se desenvolve a lesão. Por exemplo, se o fluxo de sangue ao cérebro é interrompido, produzir-se-á rapidamente uma lesão permanente, ou inclusive a morte, se a circulação não for restaurada. Nestas situações é essencial administrar altas concentrações de oxigénio. Para obter estas concentrações na inspiração (100%) o ideal é o recurso a uma máscara com válvula inspiratória a pedido obedecendo ás condições técnicas na sua utilização.

O resultado da administração de altas concentrações de oxigénio promove assim a oxigenação das zonas isquémicas ou hipóxicas (aumenta os níveis de oxigénio tecidular) e diminui o edema dos tecidos (inchaço dos tecidos).

Isto é especialmente importante no tecido nervoso onde se podem produzir alterações da sensibilidade ou funcionais. Uma redução do edema tecidular pode restaurar a função do nervo danificado.

Quando se formam bolhas no sangue as plaquetas acumulam-se ou agregam-se e o sangue torna-se mais espesso. Alguns estudos demonstraram que quando se administra oxigénio, o sangue fica menos espesso.

Quando diminui a quantidade de oxigénio no sangue, fala-se geralmente de hipoxemia, o qual pode ocorrer no pré-afogamento em que os pulmões contêm água.

Em conclusão, os conhecimentos atuais sobre a fisiologia do oxigénio estabelecem com clareza que a aplicação urgente de oxigénio é de grande utilidade no tratamento precoce do acidente de descompressão, do síndroma de sobrepressão pulmonar, do pré-afogamento e da intoxicação pelo monóxido de carbono.