Lesson 1, Topic 1
In Progress

O Aparelho Circulatório ou Cardiovascular

É constituído pelo coração e pelos vasos sanguíneos. Este aparelho é um circuito fechado concebido para efetuar o transporte de um líquido chamado sangue. A função principal do sangue é transportar gases e nutrientes a todas as células do organismo.

O CORAÇÃO


O coração é um órgão muscular, oco, situado no tórax, entre os pulmões, atrás do esterno e das costelas e à frente da coluna vertebral, numa cavidade chamada mediastino. O coração, tal como os pulmões, está rodeado por uma fina película ou membrana, o pericárdio, que permite ao coração bater de forma autónoma sem problemas de fricção. O coração está situado obliquamente, cerca de um terço à direita e dois terços à esquerda do esterno.

O coração, é uma potente bomba muscular que, na idade adulta, bate cerca de 70 vezes por minuto. Em cada minuto bombeiam-se aproximadamente 6 litros de sangue para o organismo. Quando efetuamos exercício físico, este fluxo (débito cardíaco) duplica ou triplica, dependendo da intensidade do exercício.

O coração funcionalmente é constituído por duas bombas separadas, uma no lado esquerdo e outra no lado direito. Cada uma destas bombas possui duas câmaras.
A câmara superior, aurícula, recebe o sangue vindo do corpo e dos pulmões, a câmara inferior, ventrículo, enche-se com

o sangue proveniente da aurícula. A bomba funciona com base em contrações musculares, ejetando o sangue para fora das câmaras. O ventrículo esquerdo bombeia o sangue oxigenado para todo o organismo através de um trajeto chamado de grande circulação e o ventrículo direito bombeia o sangue venoso (pobre em oxigénio) para os pulmões, através de um trajeto chamado de circulação pulmonar ou pequena circulação.

Na vida fetal os pulmões são um órgão que ainda não funciona pois o oxigénio é fornecido pela mãe através da circulação placentária. Daí que o trajeto do sangue no interior do coração fetal se realize da aurícula direita para a esquerda, através de uma abertura natural chamada foramen ovale. Ao nascer, quando a pressão na aurícula esquerda aumenta ligeiramente em relação à da aurícula direita, o foramen ovale fecha-se por meio de uma válvula permitindo que o sangue seja bombeado diretamente para os pulmões. Em algumas pessoas este processo não se efetua a 100% e o resultado é o de um foramen ovale permeável. Isto permite que algum sangue circule entre a aurícula esquerda e a direita.

Os mergulhadores com foramen ovale permeável normalmente desconhecem a existência desta deficiência, uma vez que em circunstâncias normais ela é assintomática. Contudo alguns estudos sugerem que em alguns mergulhadores as microbolhas possam passar diretamente da aurícula direita para a esquerda e assim atingir a circulação arterial.

O resultado é que estas microbolhas podem entrar na circulação cerebral ou no miocárdio (coração), produzindo manifestações de acidente de descompressão de tipo cerebral ou cardíaco.

Este processo é exacerbado pela manobra de Valsava fazendo-se o curto-circuito direito-esquerdo sobretudo durante a fase de relaxamento da manobra.

OS VASOS SANGUÍNEOS


O sangue que sai do ventrículo esquerdo, circula através da artéria aorta, que é a maior do organismo. Esta tem uma parede muscular grossa que se contrai durante o relaxamento ventricular para manter a pressão arterial durante o enchimento dos ventrículos. A aorta ramifica-se para todo o corpo.

O sangue que sai do ventrículo direito passa através dos troncos pulmonares, os quais se dividem quase de imediato nas artérias pulmonares direita e esquerda. Este sistema leva o sangue a ambos os pulmões.

Os vasos sanguíneos constituem uma árvore vascular, com a ramificação progressiva dos ramos, em outros cada vez mais pequenos. As artérias mais pequenas chamam-se arteríolas, e é delas que partem os capilares, que são os vasos sanguíneos de menor calibre. As arteríolas têm como função o controle do fluxo sanguíneo para os capilares. Os capilares são a última parte de todo o sistema cardiovascular. É através das suas finas paredes que se efetuam as trocas de gases e de nutrientes. O coração e os grandes vasos são apenas um sistema de bombeio e distribuição para os capilares. A partir dos capilares o sangue é recolhido por umas pequenas veias de paredes muito finas (vénulas) e devolvido através das veias de maior dimensão às aurículas. A maioria das veias controla a direção da circulação sanguínea por meio de válvulas unidirecionais, as quais evitam que o sangue flua na direção errada.

AS TROCAS GASOSAS


O oxigénio é um gás incolor, inodoro, e insípido. O ar que respiramos contém aproximadamente 21% de oxigénio. Necessitamos de oxigénio para metabolizar os alimentos e para fabricar energia para a função celular. O organismo consome oxigénio, produz calor e outras formas de energia. O ar que expiramos contém cerca de 16% de oxigénio.

O sangue transporta oxigénio de duas maneiras diferentes: dissolvido no plasma e quimicamente ligado á hemoglobina formando a oxihemoglobina. Devido a sua grande capacidade de se unir à hemoglobina, em condições normais de pressão e temperatura, existe uma pequena quantidade de oxigénio dissolvido no plasma. A grande parte do oxigénio encontra-se, portanto, dissolvida na hemoglobina.

O azoto é um gás inerte, que não participa em nenhuma função metabólica, e que representa 78% do ar que respiramos. Uma vez que o nosso organismo não utiliza o azoto, o ar que expiramos contem 78% de azoto.

Quando respiramos o ar à pressão atmosférica, a hemoglobina está em média saturada com 97,5% de oxigénio. Quando o sangue oxigenado atinge os tecidos, a hemoglobina liberta parte do seu oxigénio continuando com de cerca de 75% de oxigénio.

A hemoglobina cede o oxigénio aos tecidos porque a pressão parcial do oxigénio nos tecidos é inferior á pressão parcial do oxigénio no sangue. Segundo a lei de difusão dos gases estes movimentam-se por difusão simples das áreas de maior pressão parcial até às áreas de menor pressão parcial.

O ar que respiramos contém em média cerca de 0,033% de dióxido de carbono. O dióxido de carbono é um produto residual do nosso metabolismo e é transportado no sangue de três formas: uma pequena parte (aproximadamente 8%) dissolvida no plasma, outra (11%) unida á hemoglobina ou ás proteínas plasmáticas e, a maioria (81%) transportado pelo sangue em forma de bicarbonato. O ar que expiramos contém cerca de 4% de dióxido de carbono.

O SANGUE


Um adulto tem em média cerca de 5 litros de sangue, isto é cerca de 1/12 do seu peso corporal. É um líquido viscoso constituído por uma parte sólida e uma parte líquida. A parte sólida constitui cerca de 42% do sangue total no homem e 38% na mulher, e é exclusivamente constituída por células. A parte líquida que transporta essas células em suspensão é o plasma.

As células que constituem a parte sólida distinguem-se estruturalmente e funcionalmente em glóbulos vermelhos (hemáceas), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas.

Os glóbulos vermelhos são mais de 99 % das células do sangue, têm uma forma de discos bicôncavos que se podem deformar para passar pelas paredes dos vasos sanguíneos. São produzidos constantemente na medula óssea e destruídos ao fim de cerca de 120 dias de existência sobretudo pelo baço e fígado. Estes glóbulos vermelhos contêm uma proteína, a hemoglobina, com vários átomos de ferro onde se liga o O2 A formação de glóbulos vermelhos é controlada por uma hormona, a eritropoyetina, que é produzida pelos rins. Quando existe uma baixa concentração de oxigénio, por exemplo em pessoas que vivem em lugares muito altos, a produção de glóbulos vermelhos aumenta.

Os glóbulos brancos (leucócitos) desempenham um papel importante na defesa do organismo contra vetores portadores de doenças (bactérias) e na manutenção da nossa imunidade. Existem vários tipos com diferentes funções e vivem entre 6 horas e 1 ano, dependendo do tipo de célula e da sua atividade.

As plaquetas são importantes na coagulação do sangue. Quando um vaso sanguíneo é lesado as plaquetas agregam-se formando um tampão que impede que o sangue extravase para o exterior, isto é, forma-se um coágulo.