Fisiologia e o CO2
O dióxido de carbono, gás incolor, inodoro e insípido, faz parte da mistura gasosa que respiramos, o ar, que contém aproximadamente 0,003% (0,0033%) deste gás.
Em condições normais uma pequena parte está dissolvida como gás no plasma, outra parte (20%) nos aminoácidos da hemoglobina e a maioria (72%) está como bicarbonato, no plasma, modificando o pH do sangue, o que leva ao controlo do ritmo respiratório.
O ar que expiramos contém cerca de 4% de dióxido de carbono.
A hemoglobina cede o dióxido de carbono para o interior dos alvéolos porque a pressão parcial do dióxido de carbono no interior do alvéolo é inferior à pressão parcial do dióxido de carbono no sangue.
O QUE É A HIPERCÁPNIA?
A produção do dióxido de carbono é constante e tanto maior quanto mais esforço se exerce durante o mergulho, devendo a sua libertação, durante a expiração, ser objeto da maior atenção.
Os esforços efetuados pelo mergulhador (natação rápida, natação contra a corrente) acrescidos da resistência oferecida pelo regulador (sobretudo se está mal afinado) e diminuição da fluidez do ar com o aumento da profundidade traduzem-se numa maior produção daquele gás.
Se este gás não for convenientemente eliminado na fase expiratória, pode conduzir a graves situações durante o mergulho
Ao nível elevado de dióxido de carbono no sangue chama-se hipercápnia.
Excluindo a asfixia ou o afogamento há outros mecanismos que podem desencadear a hipercápnia, entre outros:
- Falha nos absorventes químicos nos sistemas de circuito fechado
- Ventilação inadequada de espaços fechados
- Ventilação pulmonar inadequada
- Contaminação da mistura respirável
Podendo a hipercápnia ser compensada por alguns mecanismos fisiológicos, o seu teor pode ir desde simples alterações analíticas até à perda súbita de consciência, dependendo a sua ação da concentração em que se encontra no sangue.
% CO2 RESPIRADO | SINTOMAS CLÍNICOS |
---|---|
3% | Duplicação do volume ventilatório por minuto |
4% a 6% | Início dos processos de retenção (igual à taxa no ar expirado). |
6% a 10% | Estimulante da ventilação (ventilação profunda e/ou rápida), vasodilator e acelerador do ritmo cardíaco, cefaleias, sudação, pele vermelha e quente. |
> 10% | Depressão da função ventilatória, hipotensão, baixa do ritmo cardíaco, falta de coordenação muscular, desorientação e agitação, confusão mental, convulsões, perda de consciência, coma e morte por afogamento. |
O principal cuidado a ter para evitar ou reduzir a produção do dióxido de carbono é transformar o ato respiratório, todo ele, num ato refletido, ao contrário do que acontece à superfície em que apenas a fase expiratória é passiva.
Sendo assim, o mergulhador deve expirar profundamente para eliminar a maior quantidade possível do CO2 produzido.
Tendo este gás uma ação vasodilatadora a nível cerebral, imediatamente se pode inferir que é um gás que potencia qualquer intoxicação, quer seja provocada pelo oxigénio quer seja provocada pelo azoto, dado o maior aporte destes gases ao sistema nervoso central (CNS).
O efeito será tanto maior quanto maior for a quantidade de dióxido de carbono no organismo.
CUIDADOS A TER
- Padrão respiratório adequado
- Evitar apneias
- Evitar usar equipamento muito apertado
- Evitar todos os esforços inúteis
- Manter o regulador corretamente afinado
- Fazer o enchimento das garrafas em locais arejados e livres de poluição