Fases do Planeamento
Nunca é demais repetir que um bom planeamento de mergulho é fundamental para aumentar a segurança dos mergulhadores, pois reduz a probabilidade de acontecer situações que ponham em risco a sua integridade física. Neste contexto, todos os esforços deverão conduzir ao cumprimento do plano estabelecido previamente, pelo que o planeamento deverá ser o mais realista possível e adaptado às condições existentes no local e no momento de se efetuar o mergulho.

NUNCA SE DEVE ENTRAR NA ÁGUA SEM PLANEAR METICULOSAMENTE O MERGULHO QUE VAI REALIZAR
Seja qual for o planeamento a efetuar, deverá ser colocado em primeiro lugar a segurança dos intervenientes no mergulho. Para um bom planeamento, deve-se considerar as seguintes fases:
- Pré-planeamento
- Planeamento
- Companheiro de Mergulho
- Cálculo da Autonomia
- Reunião Inicial
- Verificação do Equipamento
- Reunião Final
PRÉ-PLANEAMENTO
No pré planeamento é definido os objetivos do mergulho e escolhe-se o local.
OBJETIVOS DO MERGULHO
- O primeiro cuidado a ter quando se faz um planeamento será o objetivo do mergulho. Na realidade, podemos distinguir vários, entre os quais o mergulho de treino, o mergulho para experientes, o mergulho para fotografia, o mergulho científico,… Cada um deles tem características bem definidas e merece um planeamento de acordo com as mesmas.
SELEÇÃO DO LOCAL DE MERGULHO
Na escolha do local do mergulho, devemos ter em atenção:
- A qualificação dos mergulhadores.
- A possível interdição pela autoridade marítima do local previsto para o mergulho.
- A acessibilidade: neste aspeto, deve-se ter em conta o local de entrada e de saída devendo ter em atenção, no caso dum mergulho efetuado a partir de terra, a escolha de saídas alternativas para o caso de haver uma mudança do estado do mar que impeça a saída inicialmente prevista.
- A visibilidade da água, a existência de correntes, a movimentação de embarcações à superfície, a altura da maré, a existência de redes no local, o vento, o estado do mar, as condições meteorológicas: tudo isto são fatores importantes a considerar na seleção do local de mergulho, pois podem levar à sua anulação e possível mudança de local, dando sempre prioridade à segurança.
PLANEAMENTO
No planeamento do mergulho, devemos que equacionar os seguintes parâmetros:

- Profundidade máxima a atingir: O estabelecimento dum limite de profundidade destina-se a garantir um maior grau de segurança, tendo em atenção que o mergulhador CMAS P2, quando acompanhado por outro do mesmo nível, só pode evoluir no espaço de média profundidade (até 30m).
- Duração de mergulho: O estabelecimento dum tempo máximo de mergulho permite-nos despoletar atempadamente o “plano de emergência” de procura e recuperação dos mergulhadores que o ultrapassarem.
- Consumo de ar (cálculo da autonomia): Relaciona-se com o “percurso subaquático” que se pretende efetuar (distância a percorrer).
- Percurso subaquático: Depende, entre outros fatores, do objetivo dos mergulhadores (lazer, fotografia, biologia, etc.), perfil do mergulho (evitar os perfis inverso e tipo yo-yo), zonas perigosas,“ consumo de ar”, possibilidade da existência de saídas alternativas, etc.
- Chegada à superfície e saída da água: Relacionada com a maneira como vai ser feita a recolha dos mergulhadores pela embarcação de apoio (embarcação fundeada ou não) ou, se a saída for feita para terra, com a escolha do local de saída.
- Elaboração do plano de emergência: Todos os mergulhadores e pessoal de apoio têm que ter conhecimento do plano de emergência.
REUNIÃO INICIAL (BRIEFING)
Após ter sido feito o planeamento, o responsável do mergulho deverá reunir com todos os intervenientes, tendo em atenção os seguintes parâmetros (conhecidos internacionalmente por SEEDS): Segurança, Explicação, Equipamento, Disciplina e Sinais.

- Segurança: Nunca perder o companheiro de mergulho, respeitar a velocidade de subida, evitar fazer grandes esforços durante o mergulho, avisar o companheiro se não se sentir bem, etc.
- Explicação: Indicação das características do local do mergulho (tipo de fundo, visibilidade, referências para a navegação subaquática e rumos, a existência de correntes, características da fauna e flora, pontos de interesse, etc.).
- Equipamento: Verificação se o equipamento utilizado por cada mergulhador é o adequado ao mergulho a realizar e se todos sabem utilizá-lo corretamente (colete, bússola, boia de patamar, etc.)
- Disciplina: Qual a profundidade máxima a atingir, duração máxima do mergulho, posição de cada mergulhador no grupo, avisar o responsável pelo mergulho e/ou o seu companheiro quando chegar aos 50% da pressão inicial, cumprimento rigoroso do início da subida ao ser atingido o valor da pressão que eventualmente tenha sido combinada na reunião inicial que, no entanto, nunca deverá ser inferior à pressão da reserva (50bar).
- Sinais: Relembrar os sinais convencionais e/ou combinar novos sinais, se for caso disso.
VERIFICAÇÃO DO EQUIPAMENTO
Como foi referido no Módulo 16 – Segurança no Mergulho do curso CMAS One Star Diver, antes de iniciar o mergulho, cada mergulhador deve fazer a verificação do seu equipamento e do seu companheiro. É aquilo a que podemos chamar a verificação FAP (Flutuabilidade, Ar, Precintas).
Começando pelo colete, verificar o funcionamento do injetor da mangueira de admissão, da traqueia e das válvulas de escape. O cinto de lastro deve também ser verificado, para ver se tem o peso ideal para o mergulho que se vai efetuar e se a fivela cumpre com o que está determinado.
Verificar de seguida se a garrafa está bem aberta, qual a pressão do ar indicada no manómetro de pressão, o débito dos reguladores principal e do segundo andar de emergência, a existência de fugas (substituição da junta tórica) e o estado das mangueiras.
Posteriormente, verificar se a garrafa está bem fixa ao colete, se todas as precintas do colete estão ajustadas e quais os restantes tipos de fechos utilizados, se as precintas da máscara e barbatanas estão em boas condições, qual o tipo de fivela do cinto de lastro e, finalmente, se os instrumentos estão devidamente posicionados e seguros (manómetro, segundo andar de emergência, etc.).
DURANTE A VERIFICAÇÃO DO EQUIPAMENTO, A AVALIAÇÃO DA DISPOSIÇÃO DO COMPANHEIRO DE MERGULHO É FUNDAMENTAL PARA QUE O MERGULHO DECORRA NAS MELHORES CONDIÇÕES, POIS NESSA FASE AINDA SE PODE ALTERAR A PLANIFICAÇÃO, DE ACORDO COM O SEU ESTADO FÍSICO OU EMOCIONAL
REUNIÃO FINAL
Após terminar o mergulho, deverá ser feita em terra uma reunião final com todos os participantes, onde serão discutidos todos os pormenores relacionados com o mergulho efetuado, feitas as chamadas de atenção necessárias, ouvidas as críticas e sugestões e onde finalmente será feito o registo do mergulho na Caderneta de Imersão (log book) dos participantes.