Lesson 1, Topic 1
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Estado de Choque

O “choque” é uma emergência médica que necessita de tratamento em Unidades de Cuidados Intensivos e que requer um tratamento específico dirigido por pessoal Médico. O choque é uma situação clínica caracterizada por uma falência cardiovascular, com consequente incapacidade do organismo em fornecer sangue (oxigénio e nutrientes) em quantidades suficiente para o normal funcionamento dos diversos órgãos e tecidos.

O choque pode ser dividido em quatro grandes grupos conforme a sua causa:

  • Choque Cardiogénico – Por falência cardíaca
  • Choque Séptico – Resultante de infeções sistémicas graves
  • Choque Hipovolémico – Resultante de perdas de sangue (hemorragias)
  • Choque Anafilático – Resultante de uma reação alérgica

Apesar das causas poderem ser completamente diferentes umas das outras, a consequência é um colapso cardiovascular.

SINAIS E SINTOMAS

O primeiro mecanismo fisiológico é a poupança dos chamados órgãos nobres, cérebro, coração e rim. O organismo reduz ao máximo o fluxo sanguíneo a todas as outras zonas do corpo, dirigindo quase todo o fluxo sanguíneo para os órgãos nobres. Esta situação é tolerável durante um período relativamente curto de tempo, mas como é evidente se o quadro se mantém, começa a haver danos irreversíveis ao nível do tecidos e órgãos que apresentam quantidades insuficientes de sangue.

A manutenção de um quadro de choque durante períodos mais alargados de tempo resulta na incapacidade do organismo manter um aporte de sangue suficiente mesmo aos órgãos nobres

No caso de um mergulhador, as causas mais prováveis de choque são a exposição a toxinas (choque anafilático) e as hemorragias importantes (choque hipovolémico, queimaduras graves). Quando se está perante um mergulhador que sofreu qualquer um destes acidentes é sempre importante estar atento aos sinais e sintomas que podem ser indicativos da instalação de um quadro de choque.

Os sinais e sintomas a pesquisar são:

  • Sensação de mal-estar, sensação de morte iminente.
  • Náusea, vómitos ou sede.
  • Tensão arterial sistólica (máxima) inferior a 90 mmHg.
  • Alteração do estado de consciência.
  • Agitação, ansiedade, confusão mental, desorientação, sonolência, coma.
  • Palidez, pele fria e cianosada, principalmente ao nível das extremidades.
  • Suores frios.
  • Pulso muito fraco e rápido.
  • Respiração superficial, frequência respiratória elevada.
  • Hipotermia.
  • Pupilas dilatadas e olhos sem brilho.

MEDIDAS DE ATUAÇÃO

Assim sendo, a evolução de um quadro de choque se não for rapidamente corrigida é:

  1. Primeiro uma isquemia dos tecidos periféricos e de alguns órgãos do qual não resultam lesões graves ou irreversíveis.
  2. Alterações graves dos tecidos e órgãos “não nobres”.
  3. Isquemia reversível dos órgãos nobres.
  4. Finalmente, um quadro chamado falência multiorgânica, que tem uma taxa de mortalidade de praticamente 100%.

O QUE IMPORTA RETER, É QUE O CHOQUE É UM QUADRO DE GRAVIDADE EXTREMA, E QUE A CORREÇÃO PRECOCE DAS ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS É A ÚNICA FORMA DE EVITAR LESÕES IRREVERSÍVEIS OU MESMO A MORTE

A partir de uma determinada fase, após a instalação de uma isquemia prolongada com alterações a nível de múltiplos sistemas e órgãos, o choque torna-se irreversível, e a morte é o único resultado a esperar. Assim sendo o diagnóstico e o início do tratamento do choque são uma espécie de corrida contra o tempo.

Perante a suspeita de um quadro de choque, deve enviar-se o acidentado o mais rapidamente possível para um Hospital, mas existem algumas medidas que se podem tomar que são úteis, e poderão alterar a evolução do quadro, concomitantemente com a comunicação imediata do que se está a passar para o Serviço de Emergência Médica – 112.

Procedimentos

  1. Avaliação rápida do acidentado.
  2. Confirmar que tem batimentos cardíacos e que respira.
  3. Se necessário iniciar manobras de Suporte Básico de Vida e Administração de Oxigénio.
  4. Deitar o acidentado com as pernas elevadas (a cabeça fica sempre abaixo do nível dos pés 20 a 30cm), salvo em caso de ferida no peito, problemas cardíacos ou se tem fraturas.
  5. Tratar qualquer hemorragia caso seja esse o caso. Parar a hemorragia é fundamental, principalmente se há uma grande e continuada perda de sangue.
  6. Manter o acidentado quente.
  7. Acalmar o acidentado.
  8. Não dar nada a beber (se consciente humedecer-lhe os lábios com uma compressa húmida).
  9. Providenciar o rápido transporte de o acidentado para um Hospital em ambulância medicalizada (INEM).