Doença de Descompressão
A doença de descompressão é uma doença disbárica que resulta da libertação de bolhas gasosas nos tecidos corporais incluindo o sangue após a descompressão. Estas bolhas podem ser silenciosas e assintomáticas, ou provocar alterações de um só órgão ou um conjunto de alterações generalizadas do corpo humano que levam rapidamente à morte se não for efetuado o tratamento hiperbárico.
Estas bolhas provocam a doença de descompressão de três formas:
- Destruição física da arquitetura dos tecidos
- Interrupção da micro-circulação nos tecidos com as consequências daí resultantes
- Desorganização da atividade bioquímica dos tecidos incluindo o sangue e o tecido nervoso
Uma vez que a doença de descompressão pode interferir com a função de um grande número de tecidos do organismo, o número de potenciais sinais e sintomas é vasto. No passado foram agrupados em grupos de acordo com a sua localização anatómica e presumível mecanismo da doença:
- Tipo I (leve)
- Tipo II (grave)
Estes termos ainda hoje são usados mas é largamente reconhecido o seu pequeno valor porque sintomas dos dois grupos podem coexistir e um tipo I pode evoluir para um tipo II. Assim a sintomatologia deste acidente é apresentada segundo a evolução clínica e respetivas manifestações. A evolução pode ser progressiva, estática, melhorar espontaneamente ou recidivar.
As manifestações da doença de descompressão podem ocorrer isoladas ou combinadas.
SINAIS E SINTOMAS
Os sintomas da doença de descompressão podem manifestar-se imediatamente após o mergulho ou mesmo ainda dentro de água sobretudo se a causa foi a subida intempestiva. De resto a doença de descompressão tipicamente apresenta sintomas tardios, devido à inércia na libertação das bolhas de azoto nos tecidos. Noventa por cento (90%) dos casos manifestam-se nas primeiras seis horas e mais de 50% na primeira hora. Os restantes 10% podem manifestar-se após as seis horas. Se um mergulhador está assintomático mais de 48 horas após a saída da água, qualquer sintoma que surja depois deste período muito provavelmente não se relaciona com a doença de descompressão.
- cefaleias
- fadiga
- náuseas; vómitos
- mal estar geral
- vermelhidão disperso no corpo mais frequente nos ombros e tronco que não deve ser relacionado com reações alérgicas a algum elemento animal ou vegetal do mar
- dores nas articulações (bends)
- fadiga exagerada
- alterações do humor e da personalidade
- perda de memória
- descoordenação de movimentos; dificuldade em falar
- convulsões
- perda de consciência
- morte
- visão enevoada
- zumbidos
- surdez súbita
- vertigens
Se a espinal medula estiver envolvida podem surgir:
- formigueiros nas pernas
- perda de sensibilidade até à incapacidade completa de as sentir e mover (paraparesia/paraplegia)
MEDIDAS DE ATUAÇÃO
MERGULHADOR CONCIENTE
No caso de um mergulhador consciente o tratamento consiste em administrar fluídos por via oral (água), oxigénio a 100%, ao débito de 15l/min, e transportá-lo em posição deitada.
MERGULHADOR CONCIENTE
Um mergulhador inconsciente deve ser abordado segundo os procedimentos recomendados no Suporte Básico de Vida e transportado em posição lateral de segurança (PLS) a respirar oxigénio a 100%, ao débito de 15l/min.
O TRATAMENTO DEFINITIVO CONSISTE EM RECOMPRESSÃO IMEDIATA EM CÂMARA HIPERBÁRICA ACOMPANHADA DE TRATAMENTO CLÍNICO, SEGUIDA DE DESCOMPRESSÃO GRADUAL SEGUNDO TABELAS PRÓPRIAS
NÃO ESQUECER QUE TODOS OS ELEMENTOS DO GRUPO DE MERGULHO, ESPECIALMENTE O COMPANHEIRO DO ACIDENTADO DEVE SER MANTIDO EM VIGILÂNCIA MÉDICA