Correntes

Embora exista o curso de especialidade CMAS Advanced Drift Diver destinado a dar competências aos mergulhares em zonas de correntes, neste tópico vamos abordar como navegar quando somos surpreendidos por correntes de superfície ou subaquáticas.
- Correntes na superfície antes de iniciar a imersão
- Correntes subaquáticas durante a Imersão
1. CORRENTES NA SUPERFÍCIE
A presença de correntes à superfície é uma das situações mais problemáticas que se podem apresentar a um mergulhador no inicio de um mergulho, pois elas irão ser um fator de stress, de fadiga, aumento do consumo de ar e dificultam a tanto o deslocamento como a descida no local de mergulho.
Uma situação típica que por vezes ocorre esta relacionada com a existência de uma corrente só à superfície. Neste caso, desde que tenhamos ar suficiente, uma das opções poderá ser descer imediatamente abaixo do limite inferior da corrente e navegar para além do ponto de destino ou de regresso. Desta forma, asseguramos que durante a subida a corrente irá empurrar-nos para o nosso ponto de saída/destino.
Uma das precauções a ter em conta ao navegar em corrente, a fim de a evitar, é controlarmos a profundidade a que a corrente está a fluir.
Uma das precauções ao ter em contra a navegar abaixo de uma corrente é controlar a profundidade a que se desce, evitando exceder a curva de segurança e certificando-se de que a profundidade a que desce não compromete o consumo e autonomia de ar.

É importante entendemos que a direção de uma corrente de superfície pode não tem uma relação direta com a direção das correntes subaquáticas. Segundo a teoria clássica de Ekman essas correntes são formadas pelo efeito de arrastamento provocado pelo vento na água do mar, cuja temperatura varia rapidamente com a profundidade. Essa teoria faz duas afirmações:
- A velocidade da corrente decresce exponencialmente com a profundidade (por exemplo, a -20 metros a corrente teria um terço do seu valor à superfície).
- A direção da corrente, devido à rotação da terra, não segue a direção do vento, mas roda segundo a Espiral de Ekman (ver figura).

- Direção do Vento
- Direção da Vaga
- Direção da Corrente
- Efeito Coriolis
2. CORRENTES SUBAQUÁTICAS
Quando conhecemos a presença de uma corrente subaquática em um local de mergulho, devemos te-la em consideração no planeamento do percurso subaquático. Devemos iniciar sempre o percurso subaquático contra a corrente, uma vez que no início não apresentamos fadiga, temos o ar todo da garrafa e o percurso de retorno será mais facilitado no mesmo sentido da corrente.
Como regra geral para a navegação em áreas com correntes que foram detetadas antes do início do mergulho, para além de iniciarmos o percurso subaquático contra a corrente, devemos aplicar a seguinte regra geral:
- 1/3 do ar total disponível na viagem de ida
- 1/3 do ar total disponível para o retorno
A razão fundamental para aplicar esta regra de segurança é que ninguém pode garantir que a corrente não mudará de direção durante o mergulho, como por vezes acontece nas mudanças de maré, o que levará a que o percurso de retorno seja realizado também contra a corrente.

Se uma corrente aparece depois de termos iniciado o mergulho, a nossa ação dependerá se a corrente é a favor ou contra e se estamos a afastar-nos ou a dirigir-nos para o barco ou para o ponto de partida.
CORRENTE EM DIREÇÃO PONTO DE PARTIDA
Se a corrente subaquática está a levar-nos para o barco ou ponto de partida/saída do percurso subaquático planeado, deixamo-nos simplesmente transportar pela corrente, mantendo o rumo.
CORRENTE EM DIREÇÃO CONTRÁRIA AO PONTO DE PARTIDA
Se estivermos no início da imersão ou nos estivermos a separar do barco ou ponto de partida/saída do percurso subaquático planeado, aplicaremos a regra dos terços (1/3). Por exemplo se a garrafa foi cheia com 210 bar, iremos realizar o nosso ponto de retorno aos 140 bar, visto que o nosso percurso de regresso será contra corrente.
Devemos ainda reduzir a nossa profundidade para limitar o consumo de ar, uma vez que navega contra a corrente irá aumentar o nosso esforço e por consequência o nosso consumo.

Se for impossível ou muito lentamente avançar no rumo planeado, devemos iniciar um percurso ziguezague, de forma a facilitar a progressão e reduzir a fadiga. Com esta técnica de progressão devemos ter em conta que o percurso demorará mais tempo.
Se mesmo com a técnica de ziguezague não conseguirmos progredir na direção planeada, devemos iniciar os procedimentos de subida, comunicando com o nosso companheiro de mergulho e restantes mergulhadores do grupo. Na superfície faremos sinal para que nos venham buscar.