Lesson 1, Topic 1
In Progress

Barotraumatismos

BAROTRAUMATISMO DA MÁSCARA


Quando um mergulhador coloca a máscara à superfície, dentro dela fica aprisionado um volume de ar à pressão de 1bar. Após a imersão, ao chegar por exemplo a -10m, fica sujeito a uma pressão ambiente de 2bar. Como através do regulador o mergulhador respira ar à pressão ambiente, vai igualando através do nariz a pressão do ar contido na máscara, que fica também à pressão de 2bar. A máscara está compensada.

Se o mergulhador iniciar a imersão sem deixar sair ar pelo nariz, ao chegar aos -10m a pressão ambiente será de 2bar mas a pressão dentro da máscara continuará a ser de 1bar (a mesma pressão que trazia da superfície). Cria-se assim um desequilíbrio entre a pressão ambiente e a pressão do ar contido na máscara. A máscara não foi compensada.

Este desequilíbrio de pressões resulta no esmagamento da máscara contra a cara do mergulhador, causando um efeito de ventosa que dá origem ao barotraumatismo. Este efeito de ventosa produz um sintoma bastante doloroso e pode mesmo originar a rotura dos vasos capilares do olho. Desta rotura resultam hemorragias que afetam não só o globo ocular mas também os tecidos circundantes do olho, sinais suficientemente reveladores do sucedido.

ESTE BAROTRAUMATISMO APENAS SE VERIFICA NA DESCIDA

A prevenção do barotraumatismo da máscara passa pela insuflação de ar para o interior da máscara através do nariz, manobra esta que deverá ser feita assim que o mergulhador inicia a descida.

Se esta manobra começar a ser feita tardiamente poderá verificar-se a impossibilidade de se insuflar o ar através do nariz. Neste caso o mergulhador deverá introduzir um dedo por baixo do rebordo da máscara para inundar, restabelecendo assim o equilíbrio das pressões, e depois secar a máscara insuflando ar para o seu interior.

BAROTRAUMATISMO DO OUVIDO MÉDIO


O barotraumatismo do ouvido médio manifesta-se ao nível do tímpano, membrana que separa o canal auditivo (ouvido externo) do ouvido médio.

O ouvido médio está em comunicação com a garganta através da Trompa de Eustáquio, por onde se faz o equilíbrio entre a pressão do ar contido no ouvido médio e a pressão do ar respirado.

Em condições fisiológicas normais, durante o mergulho, qualquer variação da pressão ambiente (pressão hidrostática) será assim compensada pela pressão do ar que respiramos através do regulador.

Se, por qualquer razão (causas anatómicas, fisiopatológicas, ou alguma alteração temporária), a Trompa de Eustáquio se encontrar obstruída e não permitir a livre circulação do ar, o equilíbrio não se faz, criando-se um desequilíbrio de pressões. O ar dentro do ouvido médio mantém a pressão inicial e vai reduzindo o seu volume, provocando a distensão (curvatura) da membrana do tímpano no sentido do ouvido médio.

O primeiro sintoma desta situação é perda de audição e dor, que se tornará cada vez mais intensa se o mergulhador insistir na descida.

BAROTRAUMATISMO DOS SEIOS PERINASAIS


São acidentes que ocorrem nas cavidades do maciço crânio-facial, quando as variações da pressão ambiente não podem ser equilibradas, devido à obstrução da comunicação dessas cavidades com o exterior.

Os seios frontais comunicam com as fossas nasais através de um canal comprido e estreito, enquanto que os seios maxilares o fazem através de um orifício bastante mais largo e curto. Isto explica porque é que o barotraumatismo dos seios frontais é muito mais frequente do que o dos maxilares. Este barotraumatismo tanto pode acontecer na descida, como na subida.

1º Caso


Em condições normais, as variações da pressão ambiente durante a imersão, que produzem variações do volume do ar encerrado nestas cavidades, são compensadas através da entrada ou saída de ar pelo canal naso-frontal ou pelo orifício do seio maxilar.

Se essa compensação não ocorrer, dá-se uma sucção que, agindo sobre as mucosas e vasos, produzindo secreções, hemorragias e dor.

2º Caso


Se existe uma obstrução destes canais a compensação não se faz.

Neste caso há uma espécie de esmagamento dessas estruturas, produzindo uma dor muito intensa. Quando o canal desobstrui, a dor desaparece quase instantaneamente, chegando o indivíduo a expulsar mucosas que aparecem na máscara, realizando uma verdadeira drenagem.

Descida


A dor pode começar muito próximo da superfície, aumentando progressivamente se o indivíduo persiste em mergulhar. Localizando-se no ângulo interno da órbita junto ao nariz, muitas vezes a dor cede subitamente, o que significa que se desobstruiu o orifício de comunicação e o mergulhador pode alcançar o seu objectivo: descer.

Subida


No regresso à superfície é frequente que o escafandrista observe a presença de sangue e mucosidade dentro da sua máscara.

DURANTE A DESCIDA EXISTIRÁ UMA DEPRESSÃO NO SEIOS PERINASAIS E NA SUBIDA UM BAROTRAUMATISMO EM SOBREPRESSÃO

SOBREPRESSÃO PULMONAR


É um barotraumatismo muito grave, que acontece se o ar contido nos pulmões ficar bloqueado ou não for expelido em quantidade suficiente durante a subida. Em qualquer destas situações, o ar contido nos alvéolos pulmonares, ao expandir- se durante a subida, devido à diminuição da pressão, provoca uma dilatação dos alvéolos que pode causar lesões que vão da simples distensão até à rotura alveolar.

Nos casos mais graves pode mesmo haver pneumotórax (penetração de ar na cavidade pleural).

A gravidade deste acidente depende de dois fatores:

  • A quantidade de ar que o mergulhador tem nos pulmões no início da subida
  • Rapidez de expansão do ar no início do acidente

Isto quer dizer que o acidente será tanto mais grave quanto maior for a quantidade de ar inspirado , quanto mais rápida for a subida e quanto mais perto o mergulhador estiver da superfície.

Se Tiver que Regressar à Superfície?


Se tiver que regressar à superfície sem poder respirar pelo regulador deverá desde o início da subida produzir continuamente o som !Aaaaaaah! Isto bastará para manter aberta a saída de ar dos pulmões, ao mesmo tempo que vai libertando o ar em excesso devido ao aumento de volume.

NUNCA BLOQUEAR A EXPIRAÇÃO DURANTE A SUBIDA

SITUAÇÕES A TER ATENÇÃO

  • Sistema de Lastro: É muito importante que o mergulhador preste atenção ao sistema de lastro e que esteja bem treinado na utilização do colete de mergulho.
  • Controlo da Flutuabilidade: É muito importante que o mergulhador consiga controlar a sua flutuabilidade estático, em deslocamento, nas subidas e descidas.

ESTE BAROTRAUMATISMO APENAS SE VERIFICA NA SUBIDA