Lesson 1, Topic 1
In Progress

As Marés

MARÉS


Chama-se maré à subida e descida periódica das águas do mar, provocadas pela ação das forças gravitacionais entre a Terra e a Lua e também o Sol, ainda que com menos importância, dado que este está muito mais afastado da terra do que a Lua.

Quando estes astros estão alinhados, o que se verifica quando a lua está nas fases de lua nova e lua cheia, a atração do Sol e da Lua somam-se e o efeito produzido sobre a massa de água que cobre a superfície da terra é maior (marés vivas) do que quando a lua está nas fases de quarto crescente e quarto minguante, em que o efeito da atração do sol anula em parte o efeito da atração da Lua (marés mortas). Como o intervalo entre duas fases consecutivas da Lua é de 7 dias, teremos assim marés vivas e marés mortas espaçadas de uma semana.

As condições locais podem produzir variações consideráveis no fenómeno da maré, mas na maioria dos litorais oceânicos e águas adjacentes, existem duas preia-mares (PM) ou marés cheias (maior subida da água) e duas baixa-mares (BM) ou marés vazias (maior descida da água) intervaladas aproximadamente seis horas.

FATORES DE ALTERAÇÕES DA MARÉ


Os fundos baixos, a configuração da costa, a pressão atmosférica e o vento são fatores de extrema importância para alterações significativas da maré, dando origem a diferenças entre a altura da maré prevista e a observada, bem como o desfasamento na hora da ocorrência do fenómeno.

É de todos conhecido que um vento forte soprando do mar para terra, por um período superior a doze horas, provoca elevação no nível do mar tendo como resultado uma altura de água maior do que a prevista, sucedendo o fenómeno inverso quando o vento sopra de terra para o mar.

Com base na recolha de dados ao longo dos anos pode fazer-se uma previsão bastante correta da altura das marés num determinado local, valores esses que são apresentados sob a forma de uma tabela onde estão indicadas, ao longo de um ano e diariamente, as horas em que se verificam as preia-mares e as baixa-mares, bem como as respetivas alturas de maré. A sua publicação é feita anualmente pelo Instituto Hidrográfico e denomina-se Tabelas de Marés.

Por outro lado, dado que o fundo do mar não é plano, torna-se impossível elaborar uma tabela de marés que indique a altura da água total numa determinada zona onde essas irregularidades existem. Para obstar a esse inconveniente foi necessário estabelecer um plano de nível a que se chamou Zero Hidrográfico (ZH), paralelo à superfície da água, a partir do qual se medem as alturas da água para cima e para baixo. Por definição o ZH fica abaixo ou coincide com a mais baixa baixa-mar, para evitar leituras negativas de maré.

A medição para cima (altura de água do ZH até á superfície) chama-se altura da maré. A medição para baixo (altura de água do ZH até ao fundo) chama-se Sonda Reduzida (Sr). A soma dos dois valores (a altura da maré mais a sonda reduzida) dá-nos a altura de água existente num determinado local a uma determinada hora e designa-se por Sonda à Hora (Sh), ou seja:

Sh = Sr + Altura da maré

Assim, pode definir-se a Sonda à Hora como, a altura do nível da água acima do fundo, correspondendo à profundidade real de um determinado local, num dado momento.

O VALOR DAS SONDAS REDUZIDAS ESTÁ INDICADO NAS CARTAS DE NAVEGAÇÃO

Após estas definições podemos apresentar novos conceitos:

  • Fluxo ou enchente: corresponde ao período em que o nível da água sobe, com a maré, em determinado lugar.
  • Refluxo ou vazante: corresponde ao período em que o nível da água desce, com a maré, em determinado lugar.
  • Estofo da maré: é o período de tempo durante o qual o nível da água não varia, tanto na preia-mar como na baixa-mar, sendo mais longo nas maré vivas do que nas marés mortas.
  • Elevação de maré: é a distância entre o nível médio e a superfície da água.
  • Amplitude da maré: é a diferença entre a altura da preia-mar (PM) e da baixa-mar (BM) de determinada maré.
  • Nível médio: é o plano onde estaria a água se não houvesse variação devido às marés. É a média dos níveis da água observados durante largos períodos.

É A PARTIR DO NÍVEL MÉDIO QUE SÃO MARCADAS AS ALTITUDES OU COTAS INDICADAS NAS CARTAS

SABER ANTECIPADAMENTE QUAL A PROFUNDIDADE QUE VAMOS ATINGIR EM DETERMINADO LOCAL DE MERGULHO E NUMA DETERMINADA HORA É UM FATOR IMPORTANTE PARA O PLANEAMENTO DO MERGULHO, PELO QUE FACILMENTE SE CONCLUI DO INTERESSE QUE TEM PARA O MERGULHADOR O CONHECIMENTO DESTA MATÉRIA.

Atualmente a Sonda à Hora (Sh), pode ser facilmente medida com instrumentos eletrónicos, as “sondas”, baseadas num sistema de eco, que indicam, em tempo real, a altura do fundo do mar ao nível do casco da embarcação onde está montada, ou seja a profundidade máxima do local.

A utilização da Tabela de Marés e respetivo ábaco de interpolação de valores, bem como os métodos manuais ou eletrónicos utilizados na medição da sonda à hora, fazem parte da matéria da formação de navegador de recreio.