Aproximação e Contacto com a Vítima
1. APROXIMAÇÃO À VÍTIMA
Quando um salvador se aproxima dum mergulhador em dificuldade deve começar por encorajá-lo, parando um pouco antes de o atingir, enquanto procede à avaliação da situação e do seu estado.
O “RD” deve primeiramente avaliar qual a atitude comportamental da vítima e seguidamente avaliar as condições ambientais que o rodeiam, pois o seu comportamento reflete o seu estado mental.
Uma das técnicas a utilizar é começar a falar com a vítima fazendo-lhe perguntas simples tais como “Olá, estás a ouvir? Sentes-te bem?” ..”Precisas de ajuda?”. Se esta responde mesmo com dificuldade, o “RD” pode supor que a vítima poderá colaborar com ele dentro de certos limites. Se souber o “RD” deverá chamar a vítima pelo nome ou apelido pois esse tratamento inspira mais segurança à vítima.
De preferência não deverá ser estabelecido o contacto físico entre a vítima e o salvador. Se aquela se tentar aproximar do salvador este deve manter a distância afastando-se nunca deixando de a olhar no olhos
Se estes preliminares correrem bem a vítima deverá nadar sem ajuda até se agarrar ao objeto que lhe for apresentado pelo “RD” sem que jamais se verifique o contacto físico entre os dois.
Outra das técnicas utilizadas é o “RD” dirigir-se ao mergulhador em dificuldade num tom de voz forte mas sem ser autoritário, para não o intimidar, dizendo-lhe “Carlos tem calma … enche o colete!” ou ainda “Armando … larga o teu saco e enche o colete …tenta acalmar-te!” ou “João … larga o cinto de lastro!”
Por vezes acontece que o mergulhador embora consciente ignore todas estas ordens, ficando completamente alheio a todas as ordens que lhe sejam dadas podendo entrar em pânico a qualquer momento..
Este casos têm que ser tratados doutra forma sendo a primeira atitude a tomar a de o colocar em flutuabilidade e tentar que ele se acalme.
Se isto não acontecer tratar como se fosse um mergulhador em pânico.
Em função da situação isto pode fazer-se estendendo-lhe um objeto flutuante mantendo-se no entanto à distância do mergulhador que se debate,
O “RD” pode eventualmente tirar o seu próprio colete, enchê-lo, e aproximá-lo do mergulhador em dificuldade, dizendo-lhe para nele se apoiar nele.
Se a recomendação não resultar o “RD” não deverá insistir pois quanto mais a vítima tentar subir para o flutuador mais se cansará, até ser obrigado a desistir.
Em qualquer dos casos o “RD” poderá aproximar-se novamente da vítima e prosseguir a assistência.
1. O CONTACTO COM A VÍTIMA
Em alguns casos a assistência a uma vítima pode ser melhor conseguida se houver um contacto físico com ela.
SE TAL FOR JULGADO CONVENIENTE SÓ O DEVEREMOS FAZER SE A SEGURANÇA DO “RD” NÃO FOR POSTA EM CAUSA.
Se a vítima estiver recetiva o “RD” deverá explicar-lhe o que vai fazer para o ajudar, pois esta atitude irá ter um efeito tranquilizador sobre a vítima evitando confusões futuras.
Existem várias possibilidades de contacto com a vítima.
Um mergulhador consciente e que não está num estado de pânico generalizado pode, em princípio, permitir que seja feita uma aproximação com segurança, à superfície devendo o “RD” ter uma flutuabilidade positiva para evitar que seja afundado caso a vítima entre inesperadamente em pânico e tente içar-se para cima dele.
Na realidade é difícil para um mergulhador, mesmo de grande corpulência e em pânico fazer mergulhar o seu salvador se este tiver o colete bem cheio.
Se nos aproximarmos de um mergulhador em pânico generalizado, que esteja a debater-se, há que decidir se o contacto será feita à superfície ou por debaixo de água, pois cada uma das hipóteses tem as suas vantagens e os seus inconvenientes.
No que respeita à segurança do “RD” o método mais seguro é certamente a aproximação e o contacto feito debaixo de água.
A aproximação deverá ser feita ao nível dos tornozelos ou dos joelhos, segurando a vítima pelas pernas e rodando-a sobre ela própria até ficar de costas para o salvador.
Nesta altura o “RD” deverá libertar a vítima do seu cinto de lastro, começando então a subir lentamente ao longo das suas costas segurando-a firmemente com as duas mãos ao chegar à superfície.
No caso da vítima ser um mergulhador com garrafas, o “RD” deverá agarrar a torneira da garrafa com uma das mãos enquanto que com a outra enche o colete da vítima acionando o comando de enchimento por sobre o seu ombro, a fim de a colocar em flutuabilidade positiva, podendo a seguir libertá-la do seu cinto de lastro.

Nesta posição o “RD” pode entalar a garrafa da vítima entre os seus joelhos de modo a evitar que ela se vire enquanto se debate.
Se o “RD” estiver em flutuabilidade fortemente positiva pode decidir aproximar-se à superfície duma vítima que se debate pois permite-lhe ganhar tempo, pois não necessita de encher o colete da vítima, se bem que esta atitude seja potencialmente mais perigosa para ele.
Esta solução pode resultar se o “RD” é de estatura bastante maior que vítima se bem que é recomendável que o “RD” esteja com grande flutuabilidade para prevenir a hipótese da vítima tentar agarra-se e amarinhar sobre ele.
A outra hipótese é o “RD” rodear a vítima surgindo então por trás dela para estabelecer o contacto.
O método consiste em contornar a vítima nadando a uma certa distância o que por vezes não resulta porquanto a vítima também vai rodando seguindo os movimentos do seu salvador.
No entanto o mais frequente acontecer é que a vítima em pânico começa a entrar num estado de inconsciência característico, começando a perder a noção do que se passa à sua volta possibilitando assim uma aproximação segura do “RD”.
Se a vítima em pânico salta sobre o “RD” este deverá segurar a vítima com as duas mãos, empurrando-a para cima, deixando-se ela próprio afundar-se o que irá fazer com que a vítima o solte pois deixa de ter um ponto onde se apoiar à superfície.
Nesta situação o “RD” pode também encher fortemente o colete da vítima enquanto esta se debate, bem como o seu, pois os dois coletes cheios irão criar um afastamento físico entre os dois intervenientes permitindo assim ao salvador solucionar mais facilmente o problema.
