Alterações Causadas por Agentes Exteriores
O ÁLCOOL

Os efeitos agudos do álcool são sobretudo sobre o sistema nervoso central, deprimindo severamente a função intelectual, raciocínio e capacidade de coordenação. Mais de 80% dos afogamentos tem uma história de ingestão de álcool associada.
O efeito narcótico do azoto é sinérgico com o do álcool, reduzindo significativamente o limiar de profundidade da narcose pelo azoto. Aumenta o risco de vómito, a vasodilatação periférica provocada aumenta a perda de calor potenciando a hipotermia, e a desidratação consequente ao efeito diurético do álcool aumenta o risco de um acidente de descompressão.
Face a este quadro, o álcool deve estar ausente do mergulhador, pois vai reduzir a sua capacidade mental ficando assim a possibilidade para avaliar as situações de emergência bastante reduzida. As noitadas bem regadas devem ser evitadas ou o mergulho a realizar na manhã seguinte deve ser cancelado.
O USO DE MEDICAMENTOS
Deve ser analisado com muito cuidado, pois há medicamentos que inibem algumas faculdades que podem comprometer seriamente a atuação do mergulhador face a uma emergência.

Uma droga é uma substância sintética ou extraída de uma planta ou tecido animal que é usada como medicamento para prevenir ou curar doenças. Pode ainda ser considerada como qualquer agente que, quando introduzido no organismo, produz alterações bioquímicas ou fisiológicas. Neste contexto, o oxigénio, o azoto e o dióxido de carbono com as suas pressões parciais elevadas, como acontece durante o mergulho, podem ser considerados drogas, e provocarem interações importantes com drogas mais convencionais que o mergulhador esteja a tomar.
A maioria dos mergulhadores faz medicação crónica ou num contexto agudo, apesar da pouca ou mesmo ausente informação sobre as suas interações com o mergulho. As possíveis interações entre o ambiente hiperbárico e os efeitos de um medicamento no organismo são imprevisíveis, embora as mais importantes a considerar estejam relacionadas com o sistema nervoso central e o aparelho cardiovascular.
As drogas de abuso (marijuana, cocaína, opiáceos,…) alteram drasticamente a perceção do ambiente envolvente, reduzindo a capacidade psicomotora e cognitiva do mergulhador, que pode viver sensações de euforia, indiferença, ansiedade, paranóia e medo. Os efeitos fisiológicos incluem:
Alguns medicamentos usadas para o enjoo de mar, como os antieméticos, podem deprimir o sistema nervoso central, potenciando o efeito narcótico do azoto. Esta sinergia entre o azoto e alguns medicamentos sobre o sistema nervoso central está descrita em alguns medicamentos como os antihistamínicos, calmantes e antidepressivos.
Na maioria das situações, o fator que o mergulhador deve ter primeiro em consideração é a doença aguda ou crónica que o obriga a tomar determinado medicamento e, secundariamente, os efeitos do mesmo. De qualquer forma, a atitude correta é solicitar opinião médica especializada.
O TABACO
Todos sabem que a inalação do fumo leva aos pulmões substâncias, tais como o monóxido de carbono, a nicotina e o alcatrão, cujo efeito pernicioso é bem conhecido. Estas últimas interferem com a eliminação natural das secreções do aparelho respiratório.

Por sua vez, essas substâncias provocam a irritação das paredes, aumentando a produção de muco, logo há uma tendência para o bloqueio das vias respiratórias mais estreitas. Este fenómeno diminui a circulação do ar e, consequentemente, aumenta o risco do aeroembolismo.
A sobrepressão pulmonar e o aeroembolismo são mais comuns nos mergulhadores fumadores
Além destes fatores, temos a inalação do monóxido de carbono. O monóxido de carbono, com a sua grande afinidade para a hemoglobina do sangue, vai reduzir a capacidade de transporte de oxigénio aos tecidos. Havendo uma redução no transporte do oxigénio, aumenta o risco de hipóxia dos tecidos.
Isto significa que um grande fumador sofre uma redução significativa das suas capacidades físicas, para além dos danos que sofre no aparelho respiratório, especialmente a nível pulmonar.
Quanto ao efeito da nicotina sobre os vasos sanguíneos, especialmente as artérias coronárias, vai afetar a irrigação do músculo cardíaco o que, adicionado à redução no transporte de oxigénio, pode conduzir a situações de alto risco durante o mergulho.
FUMAR CERCA DE 15 CIGARROS POR DIA SIGNIFICA QUE 5% DA HEMOGLOBINA FICA INCAPAZ DE TRANSPORTAR OXIGÉNIO, SUBINDO ESTE VALOR PARA 10%, SE O NÚMERO DE CIGARROS PASSAR PARA OS 25-30 POR DIA
Este panorama é suficiente para justificar que uma das preocupações do bom mergulhador será evitar o tabaco se quiser manter a sua melhor forma física, para não colapsar ao realizar o seu mergulho.