Lesson 1, Topic 1
In Progress

A Reunião Inicial

Para que a sessão seja bem-sucedida é essencial que o instrutor faça uma reunião inicial com os alunos antes de entrar na água.

A mnemónica SEEDS define os 5 pontos que o instrutor deverá ter sempre presente durante as sessões práticas.

S egurança

E xplicação

E quipamento

D isciplina

S inais

EM ÁGUAS CONFINADAS


A reunião sendo feita na borda da piscina deverá ser breve (não mais de cinco minutos), as explicações deverão ser concisas, nunca devendo ser transmitidos mais do que quatro ou cinco pontos de informação, pois para além desse número os alunos não irão reter informação devido à sua preocupação de como se irão comportar na água.

A explicação deve referir-se apenas ao exercício que se pretende ver executado na água, deve ser clara e compreensível e deve ter resposta do aluno em como foi apreendida.

Há cinco pontos fundamentais a ter em consideração sobre os quais o instrutor deve interrogar-se:

  1. Quais os cuidados que deverei tomar relativamente à segurança do aluno? Onde vou fazer o exercício? Na parte com pé? Na parte mais funda?
  2. Como vou explicar o exercício que vou ensinar?
  3. Que equipamento é necessário para executar o exercício?
  4. Em que posição me vou colocar relativamente aos alunos?
  5. Quais os sinais que terei de utilizar?

EM ÁGUAS ABERTAS


Em águas abertas o instrutor deverá realizar sempre o briefing de acordo com o modelo definido pela CMAS. Este briefing deverá ser adaptado de forma a referir os objetivos da sessão prática, os exercícios a executar e a sua ordem de realização. 

 1. SEGURANÇA


Todas as sessões práticas necessitam de incluir no seu planeamento o “Plano de Segurança e Emergência”, contendo uma análise de risco associada ao local, aos meios, equipamentos necessários e ao tipo de sessão prática que irá ser realizada.

O instrutor deve avaliar quais os pontos do exercício que vai ensinar que requerem atenção especial no que respeita a segurança.

Por exemplo: No exercício de subida de emergência controlada (feita num percurso horizontal da parte mais funda da piscina para a menos funda) o aluno deverá manter sempre o regulador na boca e expirar o ar continuamente produzindo o som “ahhhhhhh”.

Durante a reunião o instrutor deve dar ênfase especial a este aspeto de segurança de modo a evitar que qualquer situação de perigo possa acontecer ao aluno

VELOCIDADE DE SUBIDA

É no mar que o aluno irá constatar a dificuldade de manter a velocidade de subida recomendada pelas tabelas (10m/min para a Tabela Büehlmann “86) sobretudo nos últimos metros até atingir a superfície.

Este treino deverá ser realizado inicialmente a partir de uma profundidade que não exceda os –6m sendo repetido nas sessões seguintes a profundidades superiores.

Nas sessões onde iniciamos a subida de profundidades superiores, a subida deverá ser realizada até aos –6m onde se efetuará uma paragem, para depois subir para a superfície ou voltar a descer para repetir o processo.

REPETIÇÃO DE SUBIDAS

As subidas repetidas deverão ser evitadas o mais possível, pois por vezes o equilíbrio dos ouvidos e dos seios perinasais começam a ser difíceis de executar, podendo criar uma situação de acidente barotraumático

2.EXPLICAÇÃO DO EXERCÍCIO


O instrutor deve explicar de forma sucinta, direta e clara os exercícios que os alunos irão realizar na sessão prática, deixando os detalhes para a sua demonstração na água.

O método utilizado será preferencialmente o demonstrativo (podendo ser acompanhado do método interrogativo) pois a melhor maneira do aluno aprender os vários passos da sua execução é ver o instrutor a executá-lo e simultaneamente responder a perguntas feitas por este que permitirão avaliar se foi ou não bem compreendido.

EXERCÍCIOS DEBAIXO DE ÁGUA

A única forma de ensinar os exercícios práticos do mergulho é demonstrá-los. Se um instrutor tiver habilidade para demonstrar o exercício com clareza então os alunos apenas necessitarão copiar o seu desempenho.

A demonstração do exercício tem que ser progressiva e mostrar claramente todos os detalhes, de modo que o aluno o execute facilmente passo a passo.

Isto significa como atrás já referimos um conhecimento total das partes que compõem o exercício. 

RITMO DA SESSÃO

O ritmo da sessão é muito importante para que os alunos não se sintam aborrecidos e desmotivados.

Uma vez que o instrutor tenha decidido que o exercício foi executado corretamente deve passar para nível seguinte do exercício ou para um novo exercício.

No entanto, isto não deve ser feito tão depressa, que os alunos não tenham tempo para consolidar os seus conhecimentos.

CONTROLO E POSICIONAMENTO DEBAIXO DE ÁGUA

Para garantir a segurança do grupo e garantir o máximo de atenção por parte dos alunos estes poderão ser colocados em posições estratégicas, a saber:

  • De frente para o instrutor, tendo como fundo uma parede da piscina, ficando este virado para a parede (Figura 1).
  • De frente para o instrutor tendo como fundo um canto da piscina ficando este virado para o canto (Figura 2).
  • Em semicírculo com os alunos virados para o instrutor estando este no centro (Figura 3) 
Figura 1 – Figura 2 – Figura 3

A distância a que os alunos devem estar do instrutor deve ser tal que os exercícios possam ser observados na sua totalidade pelos alunos e haja espaço suficiente para serem executados e se necessário para que o instrutor possa assistir rapidamente um aluno em dificuldade. Há exercícios em que o instrutor pode estar mais perto dos alunos do que noutros, de modo que os seus detalhes sejam mais bem observados.

Na maioria das vezes, os alunos respiram muito profundamente originando um aumento de flutuabilidade difícil de controlar, que os leva a saírem da posição que deveriam ocupar durante o exercício, o que obriga o instrutor a reagrupá-los para poder ministrar a aula em boas condições. 

Esta situação será ultrapassada se houver o cuidado de, inicialmente, colocar o aluno em flutuabilidade ligeiramente negativa que se irá corrigindo pouco a pouco.

A CMAS recomenda que o mais rapidamente o instrutor promova a execução de todos os exercícios sem contato com o chão, ou seja em flutuabilidade neutra. A posição de joelhos no chão deve ser utilizada como recurso e não como rotina para execução de todos os exercícios das sessões práticas.

EXERCÍCIOS DEBAIXO DE ÁGUA EM ÁGUAS ABERTAS


Tal como o nome indica “águas abertas” ou “meio não condicionado” é um local onde não existem limites físicos a circunscrevê-lo e, obviamente, a protegê-lo tal como acontece na piscina (meio condicionado).

Para além destes fatores acresce o problema da visibilidade que, nas nossas águas, salvo raríssimas exceções, não é boa.

Nestas condições o trabalho do instrutor reveste-se de grande dificuldade pois enquanto se dirige para o local escolhido para o exercício e durante a execução dos exercícios deve estar constantemente a ver TODOS os elementos do grupo pelo que a sua posição em relação aos mesmos deve ser criteriosamente escolhida.

O instrutor deve evitar colocar-se no meio dos alunos pois é o local onde não consegue ter uma visão panorâmica dos elementos do grupo, sendo a velocidade de deslocação condicionada pelo aluno que menos condições físicas possua.

A colocação dos alunos é a mesma que a utilizada na piscina só que nesta situação não há paredes a limitar o campo de visão dos alunos pelo que os motivos para eles se distraírem são constantes.

Compete ao instrutor antes do mergulho, esclarecer os alunos do perigo que uma falta de atenção durante a demonstração de um exercício ou a uma ordem dada gestualmente. A falta de atenção das ordens do instrutor é suficiente para colocar em perigo não só o aluno desatento, mas também todos os seus companheiros de grupo e o próprio instrutor.

A ANÁLISE E CORREÇÃO TÉCNICA


A seguir à demonstração feita pelo instrutor os alunos irão copiá-la repetindo os movimentos anteriormente observados.

Nesta fase o instrutor deverá observar a forma como o aluno executou o exercício para avaliar se este alcançou o objetivo desejado. Se tal não foi atingido corretamente o instrutor deve parar o exercício e corrigir o erro, dando oportunidade ao aluno de repetir o exercício. Se necessário repetir a demonstração concentrando-se nos passos que foram mal-executados e qual a atitude a tomar para que o exercício seja bem conseguido.

Se os erros persistirem, então o instrutor deve avaliar se fez a sua demonstração de modo claro, sem deixar qualquer dúvida e se uma nova demonstração feita de modo a ser vista de outro ângulo pelos alunos, seria oportuna para os ajudar a compreender a sua correta execução.

Após esta nova demonstração a aula continuará e o instrutor terá oportunidade de avaliar novamente a atuação dos alunos.

É fundamental que os exercícios sejam apreendidos corretamente pois é muito difícil corrigir os defeitos resultantes duma aprendizagem deficiente.

Ainda que um exercício seja feito corretamente é conveniente insistir na sua repetição pois isso ajuda a retê-lo mais profundamente na memória, automatizando a sua execução, assegurando-se desta forma que ele será realizado corretamente quando necessário, eventualmente numa situação de emergência.

Como em qualquer tipo de aprendizagem o conhecimento do desempenho pessoal após a execução dos exercícios práticos é essencial para o progresso do aluno.

Isto ajuda a manter a sua motivação e quanto mais especifica for a informação maior valor terá para ele.

A ANÁLISE E CORREÇÃO TÉCNICA ÁGUAS ABERTAS

Durante a realização dos exercícios o instrutor deverá estar sempre a analisar o seu desenvolvimento intervindo, mandando parar, quando a prestação não está a ser correta.

De imediato, por meio de linguagem gestual, o instrutor deverá comunicar ao aluno o que foi menos bem conseguido e a maneira correta de o fazer, demonstrando o procedimento a adotar se for caso disso.

O INSTRUTOR DEVE ESTAR EM ÓTIMAS CONDIÇÕES FÍSICAS PARA PODER DESEMPENHAR A SUAS FUNÇÕES COM AS EXIGÊNCIAS QUE LHE SÃO IMPOSTAS

3.EQUIPAMENTO


O aluno deve estar corretamente equipado devendo ser verificado todo o seu equipamento, de acordo com os procedimentos.

O instrutor deve começar por demonstrar o significado do “companheiro de mergulho” dizendo aos alunos para verificarem o equipamento do seu parceiro. 

Esta verificação ensina aos alunos a identificar as possíveis áreas onde aparecem os problemas (seus e do seu companheiro) devendo ser feita progressivamente ao longo do curso tornando-se cada vez mais perfeita a sua verificação.

É nesta ocasião que os alunos deverão utilizar a mnemónica FAP, que lhes foi explicada na respetiva aula teórica, sob a vigilância do instrutor que deverá certificar-se se alguns dos passos foram esquecidos.

EQUIPAMENTO INDIVIDUAL DO ALUNO

Ainda que muitos alunos possuam o seu próprio equipamento básico uma grande parte utiliza o equipamento fornecido pela escola que, obviamente, deverá estar em perfeitas condições de funcionamento para evitar que surja qualquer situação que possa criar dificuldades ao aluno.

O instrutor deverá certificar-se da existência de material de reserva que permita resolver qualquer problema que surja à última hora.

Durante as aulas de mar os alunos deverão utilizar o equipamento a que estão habituados, não devendo escolher esse momento para experimentar equipamento novo ao qual não estão adaptados.

Partindo do pressuposto que todo o equipamento de mergulho é do conhecimento do aluno, que com ele efetuou as suas aulas de piscina, a única coisa que o instrutor terá de acautelar será o peso utilizado no cinto de lastro.

Tendo a água do mar um peso específico superior ao da água doce da piscina, o aluno deverá fazer um acerto do seu lastro tal como efetuou aquando das primeiras aulas de piscina.

Se houver algum equipamento que seja pela primeira vez utilizado pelo aluno o instrutor deverá explicar claramente qual a sua função, como funciona e como deverá ser utilizado.

Como foi referido nas aulas de piscina deverá o instrutor dar ainda mais ênfase ao significado do “companheiro de mergulho” com o qual se fará todas as verificações tendo sempre presente a mnemónica FAP que foi referida no Manual do Curso CMAS One Star Diver (P1).

EQUIPAMENTO DE RESERVA

Convém, no entanto, chamar a atenção do instrutor para outro tipo de equipamento que eventualmente seja necessário para fazer uma demonstração durante a aula ou que deva existir como reserva.

O instrutor não pode constatar ao iniciar uma aula no mar que esse equipamento por esquecimento do responsável pelo seu transporte não foi trazido da escola ou do clube onde está guardado.

O esquecimento de uma simples junta tórica de reserva pode impedir que um aluno possa realizar a sua sessão da mesma forma que a falta de um regulador de reserva para substituir um tenha uma avaria.

EQUIPAMENTO PESSOAL DO INSTRUTOR

Ensinar a utilização do equipamento começa pelo exemplo dado pelo equipamento pessoal do instrutor, pela forma como ele o manuseia e pelo estado de conservação que ele apresenta.

O instrutor nunca deverá usar equipamento que seja inútil para o mergulho que vai efetuar. Isto refletir-se-á na aprendizagem do aluno cuja tendência é copiar aquilo que vê fazer o seu instrutor.

Este deverá aconselhar os seus alunos sobre o equipamento que vai ser necessário utilizar na aula que vão realizar, não sendo, portanto, lógico que ele utilize outro equipamento que seja desnecessário.

A recomendação será o instrutor utilizar, sempre que possível, modelos semelhantes aos dos alunos, de forma que a demonstração dos exercícios seja melhor entendida devido à semelhança dos modelos e configurações dos equipamentos.

É um erro comum os instrutores utilizarem coletes tipo ASA ou configurações diferentes do conjunto de reguladores durante as sessões práticas, dificultando o entendimento das demonstrações por parte dos alunos.

4. DISCIPLINA


O primeiro aspeto a ser alcançado pelo instrutor é o controlo total da atenção dos alunos. Sendo o mergulho uma atividade que requer o máximo de disciplina, os alunos deverão ser responsáveis pela sua atitude durante as aulas, não devendo em caso algum arranjar motivos para distração enquanto o instrutor está a explicar os exercícios.

Durante a reunião o instrutor deverá colocar os seus alunos virados para si, de costas para a água, para que não possam distrair-se com o que se passa dentro de água ou com outra aula que esteja a ser dada por perto.

Os alunos deverão estar suficientemente perto para que o instrutor possa falar num tom de voz normal podendo ser ouvido perfeitamente.

Se os alunos forem muitos coloque-os em duas filas com os mais altos atrás de modo a concentrar o grupo, assegurando-se que todos os alunos estão a prestar-lhe atenção antes de começar a falar. 

Lembre-se que se houver um aluno que não tenha compreendido a explicação poderá ser mais tarde a causa de um problema.

As explicações devem ser as mais diretas e fechadas possíveis para evitar que os alunos improvisem situações que deveriam estar perfeitamente definidas (ex: localização exata do equipamento na borda da piscina para efetuar determinado exercício, o número exato de percursos que o aluno terá que nadar à superfície, a ordem de entrar e sair da água, etc.).

Após a explicação do objetivo de um exercício o instrutor deverá obter do aluno a confirmação de que foi compreendido antes de passar à demonstração da sua execução.

Após a execução do exercício o instrutor deverá reunir com os alunos e fazer os seus comentários sobre a forma como cada um o executou salientando os seus pontos positivos (nunca os negativos) e quais os pontos que ele terá de melhorar e a forma de o fazer. O aluno deve sentir-se sempre incentivado e nunca o contrário.


O controlo dos alunos durante as aulas deve ser rigoroso sem ser autoritário. 

Os lugares que os alunos deverão ocupar na borda da piscina e durante o exercício devem ser bem definidos bem como os locais da entrada para a água e da saída.

Do cumprimento destas disposições resultará uma articulação perfeita entre alunos e instrutor permitindo que a aula decorra com muito maior fluidez e harmonia.


5.SINAIS


Para além da recapitulação dos sinais usados debaixo de água (Código Internacional de Sinais da CMAS) poderão ser ensinados mais alguns que sejam pertinentes à demonstração que vai ser feita pelo instrutor.

O INSTRUTOR DEVERÁ UTILIZAR SEMPRE OS SINAIS QUE SE ENCONTRAM NO MANUAL CMAS ONE STAR DIVER