Avaliação dos Mergulhadores
Na sua função de GM, o Mergulhador Nível 3 necessita de estar atento aos diversos pormenores que o rodeiam, de maneira a poder tomar as decisões mais corretas, de acordo com as informações obtidas. Este processo de observação pode ser feito relativamente aos mergulhadores e ao ambiente de mergulho.
A avaliação do mergulhador pode ser feita de duas formas: direta e indireta.
- Avaliação Indireta: Realizada através da observação dissimulada.
- Avaliação Direta: Realizada através de um pequeno inquérito durante um diálogo mantido com os mergulhadores.
AVALIAÇÃO INDIRETA
As duas áreas que se deverão ter em conta quando se observam os mergulhadores são:
- Equipamento
- Comportamento
Equipamento
Na avaliação do equipamento deverão ser observados dois aspectos, o seu estado funcional e se o tipo de equipamento é ou não adequado para o mergulho que vai efetuar. Na realidade o equipamento pode estar em óptimas condições, mas o mergulhador pode ter peso a mais no cinto de lastro e utilizar uma garrafa de 10L, por exemplo, quando vai realizar um mergulho profundo. Como é óbvio, nesta situação, o equipamento não é o adequado para este tipo de mergulho.
Se o equipamento for alugado é natural que o mergulhador não esteja familiarizado com ele, situação que se pode agravar com mergulhadores formados recentemente, aos quais acresce a pouca experiência (ainda que não seja regra geral, frequentemente os mergulhadores mais antigos possuem o seu próprio equipamento).
Os mergulhadores cujo equipamento é, na sua maioria, alugado, devem ser objeto de atenção especial por parte do Guia de Mergulho
Comportamento
Na avaliação do comportamento do mergulhador, o Guia do Mergulho deve incidir a sua atenção em diversos fatores:
- Familiarização do mergulhador com o equipamento
- Destreza com que monta o seu equipamento
- Sinais de stress (por ex.: repetir a mesma pergunta várias vezes)
- Demasiada dependência do companheiro de mergulho
- Tempo gasto a montar o equipamento e a equipar-se (tempo a mais pode significar stress e/ou falta de familiarização com o equipamento)
AVALIAÇÃO DIRETA
Consegue-se uma melhor avaliação através de uma conversa informal, tendo o cuidado de não transmitir ao mergulhador a ideia que está a ser interrogado.
Entre as várias questões que devem ser postas ao mergulhador, destacamos as
seguintes:
- O nível da sua qualificação (não corresponde por vezes ao desempenho do mergulhador)
- Quando fez o último mergulho, quantos e que tipos de mergulhos já efetuou
- De preferência ver os registos na Caderneta de Imersão (log-book)
- Qual o seu estado físico (se tem algum problema de saúde, se anda a tomar medicamentos, se fez uma “noitada”, etc.)
- Durante esta conversa o Guia de Mergulho procurará aperceber-se das condições psicológicas do mergulhador, tais como nervosismo, apreensão, calma, ansiedade, etc. Esta observação permite-lhe estabelecer o plano de mergulho mais adequado, com muito mais segurança, prevenindo assim possíveis situações de conflito.
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO LOCAL
O mergulhador CMAS Three Star Diver , na sua função de GM, deve ter em atenção as condições climatéricas, marés, existência de correntes e visibilidade. Só então decidirá se estão reunidas condições aceitáveis para se efetuar o mergulho, tendo em atenção que o “aceitável” varia em função do nível e experiência dos mergulhadores.
Condições climatéricas
O mergulho está sempre condicionado pela variação do tempo, por esse motivo o Guia de Mergulho deverá informar-se junto do Instituto de Meteorologia ou através de outros meios à sua disposição (Rádio, TV, Internet) de quais as suas previsões.
Deve também saber qual a influência que determinado vento pode causar na superfície da água e quais as suas consequências para o local de mergulho previsto. Será de esperar que a força do vento aumente com o decorrer do dia e se dissipe com o cair da noite. A existência de nevoeiro deve condicionar o mergulho, pois pode tornar extremamente difícil a recolha dos mergulhadores, pela falta de visibilidade á superfície.
Marés
O Guia de Mergulho deve tentar evitar programar mergulhos para dias em que exista grande amplitude de maré, pois a corrente aumenta significativamente devido á grande movimentação da massa de água. Deve consultar sempre uma tabela de marés.
Corrente
Uma das formas mais expedita para verificar o sentido e a intensidade relativa das correntes é a observação do cabo do ferro ou da amarração. O sentido da corrente é geralmente contrário ao aproar do barco, mas tem que se ter em atenção que um vento forte pode interferir e deslocar o barco para outra posição. Normalmente, avalia-se a intensidade da corrente pela inclinação do cabo e pela velocidade com que a água passa junto ao casco, ou pelo odómetro (se existir).
No planeamento de um mergulho feito a partir de um barco fundeado ou da costa, terá que se ter em atenção o sentido da corrente, de maneira a que o percurso subaquático seja iniciado contra a mesma, sendo esta utilizada como ajuda no regresso. Poderá, em alguns casos, acontecer que o sentido e a intensidade da corrente junto ao fundo sejam diferentes da superfície o que só será constatável durante o mergulho. Neste caso, o GM deverá reformular o percurso planeado.
Visibilidade
O Guia de Mergulho deve ter em atenção as condições de visibilidade existentes no local, pois elas influenciam o grau de dificuldade do mergulho. A falta de visibilidade pode tornar um mergulho aparentemente simples num mergulho mais complicado. As principais causas que afetam a diminuição da visibilidade são a composição do fundo, as correntes, hora do dia e condições climatéricas. Um destes fatores ou a sua conjugação, e em função da experiência do grupo, poderá obrigar o Guia de Mergulho à mudança de local ou à anulação do mergulho por falta de condições mínimas de segurança.