A Assistência a um Mergulhador Debaixo de Água
A assistência a um mergulhador debaixo de água pode, como é óbvio, tornar-se um pouco mais complicada do que à superfície.
Não só a comunicação entre o mergulhador em dificuldade e o “RD” é mais difícil, como se torna indispensável estabelecer o contacto entre o salvador e a vítima, para além de que a possibilidade de acontecerem danos corporais tal como o afogamento e a sobrepressão pulmonar é muito maior.
É pois fundamental que se tomem atitudes, face a determinadas situações, tendentes a impedir que um simples incidente se transforme num acidente
1. DESCIDA DESCONTROLADA
Este problema resulta quase sempre duma lastragem excessiva aliada ao desconhecimento do funcionamento do colete de mergulho ou falta de treino com esse equipamento.
As consequências podem ser graves pois durante a descida brusca o mergulhador pode esquecer-se de compensar os ouvidos, os seios perinasais e a máscara arriscando-se ainda a embater com violência no fundo e a uma perda súbita da consciência ou entrada em pânico.
ESTE TIPO DE SITUAÇÃO NECESSITA DE UMA INTERVENÇÃO IMEDIATA
Esta descida brusca pode acontecer sem que o mergulhador dê por isso.
Nesta situação é necessário avisar o mergulhador do que está a suceder fazendo-lhe sinal para subir ou ainda ir buscá-lo e trazê-lo para cima. Às vezes o simples sinal de aviso é suficiente para que ele se aperceba da situação e tome as precauções necessárias.
Se entretanto o mergulhador não consegue controlar a descida, o “RD” deve ir prestar- lhe assistência SALVO SE EXISTIR UM PERIGO REAL QUE PONHA A SUA VIDA EM PERIGO. Na realidade tentar agarrar e parar um mergulhador que, em águas profundas, desce a grande velocidade pode tornar-se perigoso para o salvador transformando-o noutro possível acidentado.
Se verificadas as condições o “RD” iniciou a assistência, ele deverá agarrar o mergulhador acidentado de preferência pela torneira da sua garrafa e encher-lhe o colete através da válvula de enchimento acionando o sistema de enchimento automático, enquanto tenta reduzir a velocidade de descida dando ás barbatanas arrastando-o no sentido da superfície.
Se o mergulhador em dificuldade não tiver sistema automático de enchimento no seu colete, por motivo de avaria, será o salvador a encher o seu próprio colete de forma a controlar ele próprio a situação.
Durante a subida o “RD” deve controlar constantemente a flutuabilidade , purgando com a frequência necessária o colete de modo a que a subida seja feita à velocidade recomendada evitando assim que a subida seja feita “em balão” com as consequências desastrosas que daí podem advir.
É SEMPRE PREFERÍVEL ENCHER O COLETE DO MERGULHADOR ACIDENTADO, SOBRETUDO SE ESTE ESTÁ INCONSCIENTE, POIS EM CASO SEPARAÇÃO ACIDENTAL ELE SERÁ SEMPRE LEVADO PARA A SUPERFÍCIE O QUE NÃO ACONTECERIA SE FOSSE O COLETE DO SALVADOR QUE ESTIVESSE A CONTROLAR A SUBIDA.
No caso duma descida descontrolada é normal ver-se o mergulhador a dar às barbatanas desesperadamente, procedimento que o irá conduzir rapidamente a uma situação de exaustão, que persistirá mesmo depois do salvador o começara a rebocar para a superfície, devendo assim aplicar-se os procedimentos atrás enunciados.
2. SUBIDA DESCONTROLADA
Este problema resulta quase sempre da lastragem insuficiente ou perda do cinto de lastro, aliada ao desconhecimento do funcionamento do colete de mergulho ou falta de treino com esse equipamento.
Um mergulhador nestas condições faz um esforço tremendo para ir para o fundo ou para se manter no fundo, que o conduz rapidamente a uma situação de exaustão.
Esta situação pode verificar-se logo no início da descida o mergulhador deve interromper o mergulho e procurar lastrar-se convenientemente para o fazer nas melhores condições.
O controlo incorreto da flutuabilidade no fundo por parte do mergulhador pode originar início duma subida descontrolada em que a velocidade aumenta a cada momento o que constitui um perigo eminente para o mergulhador que não a consiga anular.
Se o “RD” se aperceber atempadamente do que está a suceder poderá estabelecer contacto com o mergulhador em dificuldade e purgar-lhe o ar em excesso no colete acionado a “válvula de purga rápida”. Caso não seja possível tentará fazer compreender ao mergulhador que deve colocar as palmas das barbatanas perpendicularmente ao sentido do movimento ascensional para reduzir um pouco a velocidade da subida.
3. MERGULHADOR PRESO NO FUNDO
Se o mergulhador ficar preso numa rede ou num cabo a primeira atitude a tomar neste caso é procurar sossegar a vítima para que ela se mantenha quieta e calma para evitar agravar a situação.
O “RD” deverá aproximar-se do mergulhador em dificuldade olhos nos olhos, procurar tranquilizá-lo fazendo-lhe sinal para se manter quieto (sinal de parar do CIS) e verificar a pressão do ar na sua garrafa.
Seguidamente deverá transmitir-lhe que vai tentar libertá-lo não deixando que ele tente virar-se para ver o que se está a passar pois este movimento pode originar que ele fique mais enredado.
O “RD” deverá então, com o auxílio de uma faca ou de outro instrumento cortante, começara a cortar os fios ou qualquer objeto que prenda o mergulhador, até à sua libertação.
Nestas situações é que se revela a necessidade de possuir uma faca que na realidade corte bem, o que muitas vezes não acontece com as facas que se vendem no mercado.
Após a libertação e face ao estado emocional do mergulhador o “RD” deverá decidir se deve ou não continuar o mergulho.