5. A Datação por RadioCarbono ou Carbono 14
A datação por radiocarbono é provavelmente a mais conhecida e mais usada técnica de datação absoluta em arqueologia. A datação por carbono 14 baseia-se num simples fenómeno natural: a alteração do isótopo 14C.
A atmosfera terrestre contém carbono nos seus diversos estados (estável e instável) e todos os seres vivos absorvem carbono através da respiração e da ingestão.
O 14C é formado nas camadas superiores da atmosfera por bombardeamento da radiação cósmica. O carbono assim produzido é um isótopo radioativo com um período de semitransformarão de 5.568 +/- 50 anos e ao ser oxidado a 14CO2 espalha-se pela atmosfera e é absorvido pelos organismos vivos, iniciando um ciclo que dura em média 500 anos.
Considera-se que a concentração de 14C na atmosfera é constante no tempo e no espaço e que o teor em 14C é o mesmo em qualquer ser vivo. A proporção de 14C para 12C, em organismos vivos é aproximadamente a mesma que a da atmosfera (um átomo de 14C para 1.000.000.000.000 átomos de 12C).

Quando um organismo morre, terminam as trocas de CO2 com a atmosfera, pelo que o 14C começa a diminuir. A taxa de alteração é medida através do meio-ciclo do 14C, onde metade da quantidade original de 14C, presente no cadáver do organismo vivo, se altera para a forma de nitrogénio 12, em cada 5.730 anos. A idade radio carbónica de uma amostra, é baseada na medição da quantidade residual de 14C, que comparada com concentrações atuais, indicia uma estimativa de quanto tempo passou desde a morte do organismo.
Inicialmente assumiu-se que a quantidade de radiocarbono era temporalmente constante, mas sabe-se hoje que alterações no campo magnético da terra e alterações na intensidade solar, modificaram significativamente a quantidade de 14C ao longo do tempo. De acordo com estudos baseados na dendrocronologia, não se pode admitir constância da concentração de 14C na atmosfera e nos seres vivos. À “primeira revolução do carbono 14”, em 1945, seguiu-se assim, uma “segunda revolução” em 1967, data a partir da qual as datações feitas pelo 14C passaram a ser calibradas. Esta calibração torna-se particularmente importante sobretudo para materiais com idade superior a 3.000 anos.
Contudo é necessário ter em consideração:
- Para amostras mais recentes que cerca de 1.000 anos a imprecisão da datação torna-se quase inútil;
- Para amostras mais antigas que 46.000 anos não há 14C residual suficiente para realizar a datação;
- As medições radio carbónicas, são sempre nomeadas em: anos antes do presente – years before the present (B.P) – onde “presente” é definido por convenção, como 1950.
- A potencial contaminação das amostras e o consequente desvio na datação;
- A margem de erro da análise e datação dela resultante.